Ex-deputado russo crítico do Governo morto em Kiev

Denis Voronenkov vivia na Ucrânia desde Outubro do ano passado e recentemente tinha denunciado a anexação da Crimeia como um acto "ilegal".

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Voronenkov era deputado eleito pelo Partido Comunista russo Reuters/STRINGER

Um ex-deputado russo, crítico do Presidente Vladimir Putin, foi assassinado esta quinta-feira em Kiev.

De acordo com a polícia, Denis Voronenkov, 45 anos, foi baleado em plena rua, à porta de um hotel na capital ucraniana. O guarda-costas do ex-deputado conseguiu atingir o atirador, que acabou por ser levado para um hospital. Segundo a imprensa local, que cita o chefe da polícia, Andrei Krischenko, tratou-se de um homicídio encomendado.

O Presidente ucraniano, Petro Poroshenko, disse que o homicídio de Voronenkov se tratou de um acto de "terrorismo estatal" levado a cabo por Moscovo. "Voronenkov era uma das principais testemunhas da agressão russa contra a Ucrânia e, especificamente, o papel do [ex-Presidente ucraniano, Viktor] Ianukovich no envio de tropas russas para a Ucrânia", afirmou Poroshenko através de um comunicado.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que as acusações do líder ucraniano são "absurdas".

O ex-deputado comunista vivia exilado na Ucrânia desde Outubro do ano passado, altura em que perdeu o seu lugar na Duma após as eleições legislativas. O político fugiu da Rússia acompanhado da sua mulher, uma cantora de ópera que também era deputada, depois de ver uma investigação por corrupção movida contra si.

Voronenkov preparava-se para um encontro com Ilia Ponomariov, também ex-parlamentar russo e crítico do Governo.

Foi o próprio Ponomariov que, numa publicação no Facebook citada pelo Moscow Times, disse que Voronenkov foi morto às 11h25 (menos duas horas em Portugal continental). O ex-deputado é descrito por Ponomariov como “um investigador muito perigoso para os serviços de segurança russos”. Segundo a imprensa ucraniana, Voronenkov era uma testemunha no julgamento contra o ex-Presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, derrubado em 2014 na sequência dos protestos na Praça da Independência.

Numa entrevista no mês passado, Voronenkov comparou a Rússia à “Alemanha nazi” e descreveu a anexação da Crimeia como um “erro” e “ilegal”. Na altura, o ex-deputado dizia temer pela sua segurança e da família.

Horas antes do assassinato do ex-deputado, um armazém de armas numa base militar no leste do país explodiu, obrigando à retirada urgente de 20 mil pessoas de uma cidade próxima. As autoridades ucranianas suspeitam que o incidente tenha sido uma acção intencional por parte das forças rebeldes que ocupam parte do território ou mesmo do Exército russo, que Kiev acusa de prestar apoio aos separatistas. Poroshenko disse "não ser acidente" que a explosão tenha ocorrido no mesmo dia do homicídio de Voronenko.

 

 

 

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