As críticas ao líder do Eurogrupo por declarações polémicas continuam a crescer

Nomes políticos espanhóis, italianos, gregos e até portugueses já expressaram reprovação às palavras de Jeroen Dijsselbloem.

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A polémica estende-se desde segunda-feira Reuters/FRANCOIS LENOIR

Várias vozes europeias uniram-se esta quarta-feira nas críticas ao líder do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, na sequência de declarações sobre os países do sul da Europa e algumas pediram a demissão do político holandês.

A par do governo de Portugal, que já defendeu o afastamento de Dijsselbloem da presidência do Eurogrupo (grupo que integra os 19 Estados-membros da zona Euro), outras das vozes críticas é a do ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, que defendeu que o holandês deve demitir-se logo que possível. "Jeroen Dijsselbloem perdeu uma excelente oportunidade para ficar calado. Numa entrevista a um jornal alemão, permitiu-se a reflexões estúpidas, não consigo encontrar melhor termo, contra países do sul, começando por Itália e Espanha", escreveu nesta quarta-feira o antigo chefe do governo italiano na sua conta no Facebook.

"Penso que pessoas como Dijsselbloem, que pertencem ao Partido Socialista europeu mesmo que não percebam o que isso significa, não merecem ocupar tal cargo. E quanto mais cedo se demitir, melhor será", acrescentou Matteo Renzi, que renunciou em Dezembro passado à liderança do governo de Roma depois dos italianos terem rejeitado em referendo uma reforma constitucional.

Numa longa entrevista publicada na segunda-feira no diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, o presidente do Eurogrupo acusou os países do sul da Europa de gastarem o dinheiro "em copos e mulheres". "Durante a crise do euro, os países do norte mostraram solidariedade com os países afectados pela crise. Como social-democrata, atribuo uma importância extraordinária à solidariedade. Mas também deve haver obrigações: não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda", declarou então Jeroen Dijsselbloem, que entretanto recusou-se retratar.

Também o governo de Atenas reagiu esta quarta-feira às declarações do político holandês, qualificando tais comentários como "sexistas" e "estereótipos fora de contexto". Na conferência de imprensa semanal, o porta-voz do governo helénico, Dimitris Tsanakopulos, afirmou que este tipo de estereótipos "aumenta a divisão norte-sul" e são um terreno fértil para "pontos de vista extremistas". Questionado directamente se o governo grego considera que Jeroen Dijsselbloem deve ser afastado da liderança do Eurogrupo, o porta-voz do executivo de Atenas evitou responder.

Em Espanha, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) exigiu o "fim imediato" do mandato do presidente do Eurogrupo e que o presidente dos socialistas europeus Sergei Stanishev "retire o apoio político de toda a família social-democrata". O PSOE considerou que as declarações de Jeroen Dijsselbloem são "profundamente ofensivas, xenófobas e sexistas" e "colidem frontalmente com os valores sociais-democratas".

O presidente do Partido Socialista Europeu (PSE) já considerou nesta quarta-feira uma "vergonha" que Jeroen Dijsselbloem, membro desta família política, tenha insultado "com uma só frase" tantas pessoas, e sublinhou que aquela posição "não representa o PSE".

Esta polémica com Dijsselbloem ocorre numa altura em que a sua posição como presidente do Eurogrupo está particularmente fragilizada, na sequência dos resultados eleitorais da passada semana na Holanda, que ditaram uma derrota histórica do seu partido, PvdA (Partido Trabalhista, social-democrata), que era parceiro de coligação do VVD (centro-direita) do primeiro-ministro Mark Rutte.

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