Norte terminou 2016 com a melhor taxa de emprego em sete anos

Desde 2009 que a percentagem de população empregada, na faixa entre os 20 e os 64 anos, não era tão alta.

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O desemprego registado na Região Norte caiu 11% em um ano Rita Franca

A Região Norte terminou o ano de 2016 com 69% da população entre os 20 e os 64 anos empregada. A taxa, que vem subindo, registou o seu melhor valor desde o segundo semestre de 2009 e o aumento homólogo anual, entre o final de 2015 e o final do ano passado, foi o mais elevado desde 2001. Um indicador positivo para uma região cuja economia vem crescendo, mas onde persistem notas negativas, como o facto de metade dos desempregados estarem nessa situação há pelo menos dois anos.

A taxa de emprego registada na Região Norte no último trimestre de 2016, de 69%, é comparável com 68,5% no trimestre anterior e 66,7% no trimestre homólogo de 2015. Este é um dos dados do boletim Norte Conjuntura, da Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDR-N), no qual se percebe que, naqueles três meses, o ramo de actividade que, em termos homólogos, mais impulsionou o crescimento do emprego nesta parte do país foram as actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares, com mais 18 mil empregados do que um ano antes, correspondentes a uma variação homóloga de 33,8%.

Nas estatísticas disponibilizadas destacam-se também o ramo do alojamento, restauração e similares (mais cerca de 17 mil empregados, representando +29,8%) e as indústrias transformadoras (que empregaram mais 13 mil pessoas, ou +3,2%). Os números seriam ainda melhores, não fosse a nota de sentido contrário do sector do comércio por grosso e a retalho, que acabou o ano com menos cerca de 18 mil empregados do que em 2015, numa variação homóloga de -6,8%.

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Aumentar

Olhando para o desemprego, nota-se que a taxa vem baixando no Norte — como no país —, registando, com os 11,5% do final do ano, o valor mais baixo nos últimos sete anos. A percentagem de desempregados mantém-se acima do verificado no país (10,5% no final do ano) e, olhando para os dados decompostos por várias categorias, a situação continua preocupante quando percebemos que no Norte, por exemplo, a taxa de desemprego entre os jovens continua bem elevada, nos 28,8%. A situação piorou em relação ao trimestre anterior de 2016, mas, olhando para a variação homóloga, há uma melhoria, pois no final de 2015 uma em cada três pessoas com menos de 25 anos não tinha trabalho.

Outra nota negativa é que o desemprego de longa duração permanece muito elevado. No quarto trimestre de 2016, cerca de 65,3% dos desempregados da Região do Norte estavam nessa situação há mais de um ano (a proporção era de 65,0% no trimestre precedente e 66,6% um ano antes). E metade dos desempregados levava já pelo menos dois anos consecutivos de permanência no desemprego, situação ligeiramente pior do que um ano antes, em que essa percentagem era de 49,7%).

Mais consumo

Nos centros de emprego da região, o desemprego registado — que é a média trimestral dos valores em fim de mês do número de desempregados inscritos nos centros de emprego do IEFP da Região do Norte, apurado por concelho de residência — atingiu no 4.º trimestre de 2016 um valor próximo de 205 mil indivíduos. Menos cerca de -25 mil, ou -11,0%, do que no trimestre homólogo de 2015. Braga, Maia, Matosinhos, Guimarães, Santa Maria da Feira e Gondomar foram os concelhos onde o decréscimo do desemprego registado mais contribuiu para a melhoria deste indicador.

Esta melhoria do emprego, associado a outros factores, como um ligeiro aumento do salário médio, teve implicações no consumo privado, cujos indicadores disponíveis relacionados mantiveram uma evolução positiva, na Região do Norte, no quarto trimestre de 2016. A CCDRN destaca a aceleração do crescimento das importações de bens de consumo duradouros (+15,9% em termos homólogos, resultado comparável com +4,3% no trimestre anterior).

Já o valor das exportações de bens por empresas da região do Norte registou neste período de 2016 o crescimento mais moderado dos últimos três anos (+4,3% em termos homólogos, comparável com +7,6% no trimestre precedente). Este abrandamento, explica a comissão, foi motivado pela evolução das exportações para a União Europeia, “ainda que estas se mantenham como a componente mais dinâmica, com uma variação homóloga de 4,5% no 4.º trimestre (valor comparável com 10,5% no trimestre anterior)”.

A boa notícia é que, em sentido contrário, as exportações do Norte para fora da União Europeia inverteram a tendência negativa que vinham seguindo desde a segunda metade de 2015, registando no 4.º trimestre de 2016 um crescimento nominal de 3,8% em termos homólogos (-3,4% no trimestre anterior), lê-se neste boletim, que aborda ainda o comportamento do turismo — outro sector com importância para as exportações, de serviços, no caso — para referir que o crescimento das dormidas na região voltou a aumentar face ao trimestre anterior (13,4%), após um período de desaceleração. 

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