Há jazz, música para a Páscoa e momentos de revolução na Casa da Música

Programação da Primavera apresentada esta quarta-feira alinha quase uma centena de concertos até final de Junho.

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Macy Gray no festival Marés Vivas, em Gaia, em 2008 Paulo Pimenta

Macy Gray, Annette Peacock, Al Di Meola, Stanley Clarke e o fim-de-semana Spring On com as novas tendências do jazz europeu. Alguns destes nomes identificam presenças recorrentes nos palcos portugueses, outros nem tanto, no alinhamento de quase uma centena de concertos que compõe o calendário da Primavera da Casa da Música, apresentado esta quarta-feira no Porto.

Macy Gray, que pudemos já ver e ouvir frequentes vezes entre nós, regressa a Portugal no início de Abril (dia 5 na Casa da Música; dia 6 no Centro Cultural de Belém, em Lisboa), com o novíssimo álbum Stripped na bagagem. Traz também com ela a longa tradição da música negra, e “uma voz que já foi comparada à de Billie Holiday”, disse na conferência de imprensa António Jorge Pacheco, director artístico da Casa.

Seguindo o calendário do jazz e blues, Maio abre com a Stanley Clarke Band (dia 3), liderada por um baixista talentoso já com mais de 40 discos editados e uma carreira em que tocou ao lado de figuras como Chick Corea ou Lenny White.

Quem pisou também palcos (e estúdios) ao lado de Clarke e Corea foi o guitarrista Al Di Meola, que está igualmente de regresso para nova série de concertos portugueses (31 de Maio, na Casa da Música, seguindo-se, nos dias subsequentes, o CCB e o Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz). Traz agora o seu mais recente disco, Elysium, no âmbito da tournée Elysium & More Unplugged, e com ele “a fusão e reinvenção de géneros que se tornaram uma marca da sua música”.

Já em Junho (dia 7), será a vez de Annette Peacock subir ao palco da Sala Suggia, naquela que é apresentada como “uma das muito raras apresentações ao vivo” desta figura lendária da música experimental e electrónica, “há mais de 40 anos com os olhos postos no futuro”.

Para anúncio posterior ficou a programação de mais uma edição de Spring On, que com seis concertos em três dias consecutivos (5 a 7 de Maio) quererá mostrar a vitalidade do jazz europeu, fundindo linguagens e formações diversas.

Spring On é uma das três vertentes do ciclo Rito da Primavera, que voltará a auscultar o Estado da Nação (11 a 16 de Maio) – três concertos com três dezenas de obras de outros tantos compositores portugueses contemporâneos –, e a revelar as “rising stars” da European Concert Hall Organization (ECHO), entre as quais está o jovem clarinetista português Horácio Ferreira, a interpretar a Sonata para clarinete e piano n.º 1 de Brahms (12 de Maio).

Do calendário mais erudito da Casa da Música para a Primavera, já se sabia que os momentos mais mediáticos serão os Concertos de Páscoa e o ciclo Música & Revolução, cuja programação fora já, no essencial, divulgada no final do ano passado, quando foi revelado que 2017 seria o ano do Reino Unido na instituição portuense. O Ano Britânico atravessa, de resto, o alinhamento dos quatro concertos na quinzena imediatamente anterior à Páscoa (4 a 12 de Abril), o destaque maior indo para a estreia portuguesa de Stabat Mater Dolorosa, para ensemble, electrónica e coro, a obra que a Casa da Música, a BBC Radio 3 e o Huddersfield Contemporary Music Festival encomendaram a James Dillon, o compositor este ano em associação.

Já nos três espectáculos do ciclo Música & Revolução (24 a 30 de Abril), a atenção maior irá para a recriação de momentos e histórias de censuras e polémicas vividas nos mais de cem anos que já contam os famosos Concertos Promenade do Royal Albert Hall. As diferentes formações da Casa, incluindo o Serviço Educativo, vão executar obras de Harrison Birtwistle (o compositor em residência), Peter Maxwell Davies, John Adams e Arnold Schönberg, que em diferentes momentos dessa história motivaram polémica e às vezes mesmo rebeliões.

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