Jim Dowson, um milionário de extrema-direita nacionalista e anti-imigração, diz que vai usar as plataformas online de que é proprietário para apoiar a causa separatista escocesa. Dowson é dono da Patriot News Agency, um dos sites que espalhou propaganda pró-Trump durante as eleições dos EUA. O milionário já foi apoiante fervoroso dos unionistas (na Irlanda do Norte), mas diz que neste momento não vê futuro no Reino Unido: “A Inglaterra está acabada”.

“Sou um defensor fanático da União, mas também sou pragmático”, diz Dowson em entrevista ao Guardian. O "homem invisível da extrema-direita britânica", como apelida o Times, já fez parte do Britain First (grupo anti-imigração) e foi um dos principais financiadores do partido nacional britânico. Está céptico em relação ao futuro ao Reino Unido, e culpa, em parte, o conservadorismo. “Inglaterra está acabada. Não está só acabada por causa do problema muçulmano e da imigração, mas porque estamos a olhar para uma governação tory permanente. Não há oposição ao Partido Conservador [tories]. É isso que querem – líderes conservadores nos próximos 30 anos?”

Durante as eleições norte-americanas, este antigo pastor evangélico, 52 anos, dirigiu o site Patriot News Agency, dedicado a disseminar teorias da conspiração que referissem Hillary Clinton e histórias que construíssem uma imagem positiva de Trump. Apoiante das relações bilaterais entre a Rússia de Putin e os EUA de Trump, diz que o seu trabalho foi espalhar mensagens anti-Clinton ao "grupo da população que está tão desiludido com a política que não se interessa por uma campanha convencional”.

A sua rede de sites ultraconservadores está espalhada pela Grã-Bretanha, Hungria e Sérvia e, conta ao Guardian, somou um total de 50 milhões de visitas, sendo que cerca de 17 milhões dessa visitas chegaram do Reino Unido. 

No entanto, e apesar de sempre ter sido a favor da união, vê que o futuro do Reino Unido passa pelo federalismo. Nesse sentido, apela à independência escocesa e diz que vai usar a sua rede para promover essa mensagem. Afirma que foi a sua “rede global” que “ajudou a eleger Donald Trump e apoiou a vitória do 'Brexit'”. “O SNP [Partido Nacional Escocês] vai odiar o meu envolvimento, mas não estou interessado no que o SNP diz”.   

Dowson diz que se vê como um agitador: “Fui um fanático pró-união durante toda a minha vida, mas as coisas mudaram e chegámos a uma situação em que a Escócia pode estar separada mas continuar amiga de uma Inglaterra independente”.

Diz, também, que a solução para a Irlanda, onde vive com a família, pode passar por uma “Irlanda Federalista”. “Talvez o caminho a seguir seja o federalismo, com os unionistas a temer mais autonomia e maior controlo numa nova Irlanda. A Irlanda do Norte está a mudar e a demografia diz que em breve vai haver uma nova maioria católica”, afirma. Não vê sentido em “andar a gritar” durante 20 anos por uma união que não se vai traduzir na prática – a maioria continua e vai continuar a ser católica-nacionalista e essa maioria vai forçá-los a uma Irlanda unida, considera Jim Dowson.

A Hope Not Hate, associação anti-racista contactada pelo Guardian, considera que Dowson se tornou “uma grande influência nos media sociais”. “Usa a sua plataforma em Budapeste para espalhar o ódio por todo o mundo. A sua proposta de intervenção na Escócia não tem nada a ver com a independência, mas com a o desejo de espalhar a intolerância”.