As marionetas convidam a seguir pistas até à realidade: vem aí mais um FIMFA

Um ballet para sacos de plástico, um carrossel infernal, um encontro encantado numa fila para o cinema: de tudo isto se fará a 17.ª edição do festival, entre 11 e 28 de Maio.

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Feos, do colectivo chileno Teatro y su Doble, a partir de um conto de Mario Benedetti ELIO FRUGONE
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Teatro Delusio, dos alemães Familie Flöz, abre a 17.ª edição do festival PIERRE BORRASCI
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The Adventures of White-Man, de Paul Zaloom, uma sátira política às "dificuldades do homem branco"
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L’Après-Midi d’Un Foehn, de Phia Ménard JEAN-LUC BEAUJAULT
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Cendres, dos franco-noruegueses Plexus Polaire

Em 2017, o FIMFA – Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas começa pelos bastidores. Teatro Delusio, espectáculo dos alemães Familie Flöz que deixou o último Fringe em polvorosa, abre a 17.ª edição do festival com direcção de Luís Vieira e Rute Ribeiro, colocando em palco 30 personagens a que três actores dão vida, num corrupio por trás do palco de um teatro. Vira-se o palco do avesso, puxam-se para primeiro plano as pequenas paixões, as pequenas intrigas, as pequenas tragédias e os pequenos actos de heroísmo de vidas, na verdade, pouco heróicas e pouco dadas à dimensão ciclópica que cada gesto costuma ganhar num teatro de ópera. É um espectáculo que celebra aqueles que empregam o seu tempo a garantir que outros brilham em produções pomposas e magnânimas, contado por três técnicos que vivem na proximidade das grandes estrelas mas aos quais chega apenas o rumor dos aplausos apoteóticos.

Em cena entre 11 e 13 de Maio – o FIMFA prolonga-se, sempre em Lisboa, até 28 –, Teatro Delusio carrega um dos encantos maiores do teatro de marionetas, obrigando-nos a deixar o cinismo à porta e a ver a realidade do mundo devolvida por um enquadramento em que a fantasia é sempre credível. A seguir, a animação continua com dois exemplos de aventureirismo vindos de França: Yoan Bourgeois apresenta Celui que Tombe (20 e 21 de Maio, São Luiz; no Porto integrará a segunda edição do DDD – Dias da Dança) a bordo de uma plataforma que pode ser vista como “tapete voador ou carrossel infernal”; Phia Ménard cria, em L’Après-Midi d’Un Foehn (18 a 21, São Luiz), um ballet para sacos de plástico manipulados por ventiladores que segue as pistas da peça musical de Debussy que Nijinsky famosamente criou e interpretou.

Do Chile para o São Luiz, de 12 a 14 de Maio, o colectivo Teatro y su Doble apresenta a versão de Guillermo Calderón para o conto de Mario Benedetti La Noche de los Feos, peça para adultos centrada no encontro entre um homem e uma mulher na fila do cinema – ambos, como se depreende do título, não correspondem aos típicos ideais de beleza. Os tópicos mais inflamados podem encontrar-se em The Adventures of White-Man (19 a 21, D. Maria II), do norte-americano Paul Zaloom, que se assume como uma sátira política focada nas “dificuldades do homem branco”, esse ser tão alheado dos privilégios sociais; e, de uma forma mais literal, em Cendres, da companhia franco-norueguesa Plexus Polaire (20 e 21, Maria Matos), história de um incendiário que lançou o pânico numa aldeia do Sul da Noruega nos anos 70.

O FIMFA dá ainda espaço aos franceses Renaud Herbin (Milieu, 22 e 23, São Luiz), com uma peça inspirada num texto de Beckett, e La Pendue, num espectáculo-manifesto pela liberdade do teatro de marionetas (Tria Fata, 26 a 28, São Luiz); cá de dentro chegam as últimas produções do Teatro de Marionetas do Porto (Como Um Carrossel, 24 e 25, Teatro Taborda), do Teatro de Ferro (Bela Adormecida, 26 e 27, Teatro Taborda) e da Tarumba (Este Não É o Nariz de Gógol…, 24 e 25, Livraria Férin), assim como a estreia de uma nova peça de André Murraças, Fantasmas (12 e 13, São Luiz).

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