Cartas ao director

CGD, a esquizofrenia

Vemos no panorama político uma unanimidade de posições sobre a CGD e o seu futuro que quase parece vivemos em ditadura! A CGD sempre foi poiso para políticos em fim de carreira, amigos e familiares de gente do mundo da política, nisto não deferiu muito dos restantes bancos, desde o banco do PSD/Cavaco, o BPN, ao BES e BCP que acolheram nas suas administrações, de braços abertos, alguns ex-políticos...Na Caixa, o crédito a amigos sem qualquer critério era prática corrente e tudo em nome do interesse público (o da classe política e seus amigos, entenda-se).

Agora, após um colossal prejuízo de quase 3mil milhões de euros, que deveria ser objecto de inquérito, centra-se o mesmo em SMS de um ex-administrador que não o chegou a ser! Injectados- ou a injectar - uns milhares de milhões (mais uns qual o problema ) e indigitado um gestor com curriculum de seriedade e competência, vem todo o mundo político, desde o PSD (pasme-se) até ao BE, passando pelo PS e PCP, exigir que se não fechem  balcões que não se dispense uns milhares de trabalhadores  excedentários e que tudo continue na mesma!

Um banco público, sempre necessário à capitalização das empresas portuguesas, tem que se nortear por critérios de razoabilidade económica e concorrência de mercado. Um banco público não é nem pode ser  um organismo com comissários políticos. Como cidadão não quero pagar!

Ezequiel Neves, Lisboa

 

Operação Marquês

Os cidadãos são todos iguais nos seus direitos e nos seus deveres, pelo que ainda que uns tenham um maior poder económico, ou posição social que outros, que lhes permite influenciar decisões, estes terão supostamente uma imagem a defender, pelo que só se explica a demora na conclusão da investigação da Operação Marquês porque parece transparecer a existência de uma teia de cúmplices.

Durante muitos anos, estivemos habituados a uma justiça lenta e pouco funcional, onde a prescrição de processos judiciais era meio caminho andado para que quem tivesse de ser responsabilizado pelos seus actos aproveitasse a oportunidade para escapar ás malhas da justiça, e onde era mais fácil condenar os pequenos de que os grandes.

A face da justiça parece estar a mudar em Portugal, embora ainda exista um longo caminho a percorrer, cuja mudança gradual deveria fazer com que os cidadãos começassem a acreditar nas instituições, principalmente na justiça.

Decorridos 44 meses de investigação da Operação Marquês, não é de estranhar que a mesma não esteja ainda concluída face aos novos indícios que vão surgindo, e que são razão bastante para impedir a conclusão do mesmo, quando ainda faltam encaixar peças do puzzle.  

Américo Lourenço, Sines

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