“Será muito difícil” renegociar a dívida

Mesmo depois das eleições alemãs, depois do que aconteceu na Grécia, ninguém aceitará perdoar dívidas de um país, acredita Cavaco Silva.

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Rui Gaudencio

As consequências de um perdão de dívida pública nos bancos e seguradoras seriam difíceis de suportar.

Depois das eleições alemãs, haverá espaço para dentro da Europa, e dentro desta discussão sobre o futuro do euro, se falar sobre as excessivas dívidas públicas e a renegociação dessas dívidas?
Acho que o apagar de dívidas públicas, isto é países e instituições dizerem de um momento para o outro que "eu dispenso o reembolso que o país A ou o país B deve fazer ao meu país ou às empresas do meu país" será muito difícil de fazer novamente, depois daquilo que aconteceu na Grécia. O que pode ser feito - e que já foi feito no Governo presidido pelo dr. Passos Coelho - é o alongamento de prazos, é a descida de taxas de juro, isso tem vindo a ser feito e está a ser feito também em relação à Grécia. Mas restruturações da dívida, eu escrevo no meu livro o que é que pode acontecer se forem feitas de forma unilateral. Imagine o que é que acontecia aos bancos portugueses, às companhias de seguros portuguesas, aos fundos de pensões, se fosse feita uma reestruturação da dívida portuguesa, quando eles são detentores de uma parcela significativa. É melhor nem pensar.

Por isso lhe perguntava se achava que depois das eleições alemãs haveria algum ambiente político na Europa para que isso fosse discutido de maneira a que não fosse unilateral?
Eu vejo que é difícil.

 

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