Rogério Charraz: “Continuo a ser, e nunca deixarei de ser, um cantautor”

Ex-membro dos Boémia vê agora reeditado com extras o seu terceiro disco a solo. Não Tenhas Medo do Escuro roda também pelos palcos.

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Rogério Charraz fotografado para o disco Não Tenhas Medo do Escuro JORGE SIMÃO

Rogério Charraz já não é um desconhecido do público português. Foi um dos dois Rogérios (o outro tem por apelido Oliveira) do grupo Boémia, até iniciar uma carreira a solo. O seu terceiro disco voltou esta semana às lojas em versão aumentada, enquanto ele vai percorrendo vários palcos do país a apresentá-lo.

Nascido em Lisboa, no dia 10 de Março de 1978, formou o primeiro grupo musical em 1994, ainda no liceu, com o outro Rogério, influenciados sobretudo pelos Trovante. Tinha 16 anos e o grupo chamava-se União de Loucos. “Fartámo-nos de explicar às pessoas que não era heavy metal. Até que tivemos de mudar de nome.” E mudaram para Boémia. Ainda com ele, o grupo gravou os primeiros dois discos, Madrigal (1999) e Semente (2003). “Esse é um disco de que guardo boas recordações, com o Fausto, o Luís Pastor, o Luís Represas.” No seguinte, Os Peregrinos do Mar (2011), ele já estava fora do grupo.

“A nossa maneira de estar na música deixou de ser compatível. Eu deixei o grupo numa altura em que estava descrente da música.” A carreira a solo nasceu de um acaso. “Quando deixámos de tocar juntos, os Boémia tinham uma data marcada e não a quiseram fazer; então, eu assumi essa responsabilidade, montei um trio para fazer aquela data. Nunca tinha cantado, nem sido frontman, mas a coisa correu bem. Vieram mais espectáculos e quando dei por mim estava no festival Cantar Abril.” Isso foi em Almada, em 2009, onde apresentou duas canções, Liberdade e A dita dura, e quase ganhou (a vitória foi para o grupo A Presença das Formigas). Um ano depois, começa a gravar o primeiro disco, A Chave (2011), a que se sucederão Espelho (2014) e Não Tenhas Medo do Escuro (2016), agora reeditado com dois temas extra.

"Uma coisa mais descomplicada"

No primeiro disco, teve como convidados especiais Ana Laíns, José Mário Branco (que fez a parte spoken word de E contra a dita a gente grita!, escrita pelo seu filho e também músico Pedro Branco) e Rui Veloso. No segundo, participaram Danny Silva, Luanda Cozetti, Sensi e Miguel Calhaz. E no terceiro estiveram António Caixeiro, Buba Espinho, Eduardo Espinho, Edu Miranda, João Gentil, Júlio Resende, Katia Guerreiro e Marta Pereira da Costa. Os dois temas extra, (Sempre que o amor nos acontece, num dueto com Luanda Cozetti, e Porto de abrigo) vieram do disco anterior, remasterizados, porque passaram a integrar a série televisiva O Sábio, em exibição na RTP1.

“Neste disco quis fazer uma coisa mais simples, mas descomplicada. O disco é todo gravado em casa do co-produtor, Carlos Lopes, num ambiente mais familiar, mais despretensioso. E o resultado final tem mais a ver comigo, com aquilo que são as canções quando eu as faço, a guitarra e voz. Porque no fundo continuo a ser, e nunca deixarei de ser, um cantautor.” Voltando atrás: a única influência musical que teve na família (apesar da a mãe ser grande fã de Amália) veio de um tio, músico amador, que lhe ofereceu vários discos (“Coisas muito interessantes, como o Sting”). Mas foi no liceu, na fase pré-Boémia, que se fez a sua escola musical. “Já ligávamos a Sérgio Godinho, Trovante, Jorge Palma, isto quando os miúdos da altura não estavam para aí virados. E descobrimos, juntos, a obra do Fausto.”

Com o regresso, em versão ampliada, de Não Tenhas Medo do Escuro às lojas, Rogério Charraz está a percorrer vários palcos no país. Este sábado estará em Peso da Régua, no Auditório Municipal, seguindo-se Rio de Mouro (8 de Abril), Pinhal Novo (24 de Abril), Albufeira (30 de Abril, como convidado da cantora Maria Viana), Évora (25 de Junho), Setúbal (28 de Julho), Sintra (Centro Olga Cadaval, 22 de Setembro) e Moura (11 de Novembro). Haverá outras datas, a anunciar oportunamente.

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