“Estou sempre a fazer retrato”

Foto
Sem título, 2010 José M. Rodrigues

Uns meses depois de ter começado a fazer cinema em Paris, em 1968, José M. Rodrigues percebeu que aquela não era a arte de que gostava como criador. Descobriu também nessa altura que não queria trabalhar em grupo e que a “confusão” em que é feito o cinema não era o seu tipo de ambiente. Nesse ano, pegou numa câmara fotográfica para, através dela, se confrontar consigo e com a realidade à sua volta. Começou com um género de “fotografia intimista”, um registo quase “diarístico” até que se deixou contaminar por todo tipo de experimentações, que vão desde a performance até à instalação.

Depois de quase 50 anos de carreira, José M. Rodrigues confessa ter “dificuldade em definir todas as épocas” que atravessou como fotógrafo. Houve vários períodos, várias relações pessoais, várias cidades e vários países que influenciaram o seu trabalho. Assim com houve (e há) meia-dúzia de fotografias que tirou e em relação às quais se sente “muito ligado”, de tal forma que se sente a colocar um pouco delas em cada novo trabalho que cria. Por seu lado, o retrato assumiu desde cedo uma importância nuclear: “Mesmo quando fotografo outras coisas, acho que estou sempre a fazer retrato.”

José M. Rodrigues (Lisboa, 1951), viveu em Paris (1968/1969) e nos Países Baixos entre 1969 e 1993. Estudou na Academia Real de Belas Artes em Haia e na Escola Profissional de Fotografia, em Apeldoorn. Tirou um curso de realização em vídeo no Instituto Santbergen, em Hilversum. Foi co-fundador do movimento Perspektief, em Roterdão. Expôs na Holanda desde 1979 e em Portugal desde 1981. Depois da retrospectiva Ofertório, em 1999, outras mostras antológicas destacaram o lado mais experimental da sua obra: na Fundação Eugénio de Almeida, Évora, em 2008; no Museu de Ancara, Turquia, em 2009; e em Sines, em 2013. Ensinou fotografia em várias escolas (Roterdão, Lisboa, Porto, Évora, Caldas de Rainha).

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