Porto: há hotéis e unidades de “live & work” no caminho do Codeçal

Zona degradada do Porto está a ser trabalhada pela Sociedade de Reabilitação Urbana no âmbito de um projecto europeu que congrega vários parceiros para intervir numa determinada zona

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2nd Chance pretende intervir em cerca de dez mil metros quadrados da área Paulo Pimenta

A Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) quer transformar o que tem sido “o patinho feio do centro histórico” no novo ponto de interesse da cidade. Para isso, está a trabalhar num projecto, inserido na rede europeia “2nd Chance”, que procura congregar vontades de vários parceiros e desenvolver o potencial de uma área. Para a designada Área de Acção Integrada (AAI) de Santa Clara, que inclui a degradada zona do Codeçal, há a intenção de criar hotéis, unidades de live & work e um plano de mobilidade. E um jardim. E um parque de estacionamento.

Por enquanto, o trabalho ainda está numa fase “embrionária”, admite o presidente da SRU, Álvaro Santos, mas os objectivos do projecto – que incluem o diagnóstico da zona, a criação de grupos de intervenção e monitorização ou a reabilitação do edificado – deverão estar concluídos até Abril de 2018, que é o prazo limite do “2nd chance”. “Já tivemos reuniões do grupo de acção local e estamos a mobilizar potenciais investidores para, com os moradores, podermos avançar”, diz Álvaro Santos, realçando: “O objectivo é pôr na agenda esta operação de Santa Clara, que foi ficando para o final das intervenções no centro histórico. É uma zona mais esquecida, menos povoada, com edificado em mau estado e que fica, em parte, literalmente, debaixo do ponte [Luiz I], com o que isso implica da passagem do metro, e que não ajuda”.

Por isso, uma das acções que está em preparação (e Álvaro Santos garante que as conversações com a Metro do Porto já se iniciaram) é, com o apoio das faculdades de Engenharia e de Arquitectura da Universidade do Porto, “estudar uma solução para minimizar o impacto do ruído e vibração causados pela passagem do metro, que é um dos pontos fracos da zona”, explica o responsável da SRU.

15 edifícios em ruína, 13 em mau estado

O projecto “2nd Chance” pretende intervir em cerca de 10 mil metros quadrados de área construída da AAI de Santa Clara (o total da AAI é de mais de 26 mil metros quadrados e inclui, por exemplo os quarteirões de Vímara Peres e do Largo 1.º de Dezembro, que ficam de fora do projecto europeu), num espaço onde vivem ainda 26 famílias. O diagnóstico não é famoso: há 15 edifícios em ruína, 13 em mau estado e apenas três em que as condições são consideradas médias e dois classificados como tendo um “bom” estado de conservação. Há ainda um prédio em obras.

O cenário acaba por ter reflexos na ocupação – 54% dos prédios estão devolutos (21), 18% parcialmente ocupados (7) e apenas 15% (6) estão ocupados na totalidade.

Os planos em cima da mesa passam pela instalação, na área a intervencionar, de duas unidades hoteleiras – uma na Rua de D. Hugo e outra, eventualmente, no edifício Recolhimento do Ferro – e do uso de cerca de 30 edifícios para uma solução que mistura habitação e trabalho (live & work). Há também a intenção de criar um parque de estacionamento, num terreno desocupado junto à Avenida de Vímara Peres, e espaços verdes.

Tudo isto acompanhado da requalificação do espaço público e de um projecto de mobilidade, que estão a ser trabalhados com o pelouro do Ambiente e da Mobilidade da Câmara do Porto. Na última reunião do executivo, a vereadora da Mobilidade, Cristina Pimentel, já adiantou o que está a ser pensado para a zona e que deverá passar pela instalação “de um elevador entre os Guindais e a cota intermédia do Seminário do Ferro”, além da recuperação de uma vereda que, neste momento, não é utilizada e o recurso a rampas em algumas áreas do caminho.

O projecto para a AAI Santa Clara será apresentado aos parceiros do “2nd Chance” num encontro agendado para os dias 28 e 29 deste mês e que vai decorrer no District Porto. As restantes cidades que participam no projecto europeu são Maribor (Eslovénia), Liverpool (Reino Unidos), Lublin (Polónia), Bruxelas (Bélgica), Caen (França), Chemnitz (Alemanha), Dubrovnik (Croácia), Génova (Itália) e Gijon (Espanha).

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