Paulo Azevedo calça sapatilhas premiadas para acelerar internacionalização

Grupo mantém propósito de continuar a manter liderança do retalho alimentar, apostando no factor preço, e abre a porta à expansão em África.

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Paulo Azevedo apresentou os resultados de 2016 vestido com as marcas cuja expansão o grupo pretende reforçar nelson garrido
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Ângelo Paupério e Paulo Azevedo apresentaram, esta quinta-feira, os resultados do grupo. nelson garrido

Paulo Azevedo, chairman e co-CEO da Sonae, chegou esta quinta-feira à apresentação de contas anuais calçado com sapatilhas da Berg e vestido com calças Salsa, camisa e casaco Mo. Todas estas marcas pertencem a Sonae e estão, em ritmos e formas diferentes, em processo de internacionalização, uma aposta que o gestor diz querer reforçar.

O retalho especializado, nomeadamente a área de moda e do desporto, representa uma fatia menor dos negócios do grupo, respondendo por cerca de 1,4 mil milhões de euros (+11% face a 2015), num total de mais de cinco mil milhões de euros. Esta foi a única área onde Paulo Azevedo assumiu que não passou totalmente na “prova dos factos”, que se propôs fazer. Por essa razão, o grupo está “a olhar para oportunidades de crescimento orgânico e não orgânico”, como aconteceu, já este ano, com a parceria entre a Sport Zone grupo britânico JD Sport.

E sobre esta parceria, Ângelo Paupério, co-CEO Sonae (grupo proprietário do PÚBLICO), não excluiu que, depois de consolidada a criação do segundo operador de desporto Ibérico, esta possa ser alargada a outros países. "A parceria não é um modelo que se esgota na Península Ibérica”, disse o gestor.

Um aposta semelhante para o relançamento da Worten no mercado internacional, ou mesmo Ibérico “não é impossível, mas não está no nosso horizonte”, adiantou Paulo Azevedo.

A estratégia é manter a aposta na internacionalização, estando já presente em 86 países, “com pouco dinheiro, fazendo a alavancagem nas competências do grupo”, uma opção que às vezes é criticada, por representar presenças pequenas em alguns mercados, mas que, ainda assim, começa a dar resultados, admitiu Paulo Azevedo. A Zippy (roupa de criança) triplicou o número de lojas na Arábia Saudita (16), a Salsa (comprada no ano passado) está em mais de 700 pontos de venda e vai entrar em Itália, e no total, as marcas de moda e desporto já vendem 617 milhões de euros no mercados externos.

Merceeiros, mas com inovação

O retalho alimentar continuar a ser o grosso do negócio do grupo, que responde por 3687 milhões de euros, mais 5,6% face ao exercício anterior. Aqui, e apesar da dimensão assumida no mercado nacional, onde abriu 26 lojas, “um recorde absoluto”, disse Paulo Azevedo, a aposta continua a ser na abertura de mais lojas de conveniência, crescer ainda mais no e-commerce, onde já se vende mais que na melhor loja do Continente, e acelerar no segmento dos frescos e na alimentação saudável, onde adquiriram a insígnia Go Natural.

O grupo, que terminou o exercício com lucros consolidados de 215 milhões de euros (+23%) e depois de um quarto trimestre em que o EBITDA melhorou ligeiramente, mantém-se apostado “em consolidar a liderança no mercado de retalho alimentar”, assumindo-se como “ o operador com o melhor preço do mercado".

No último exercício, as empresas do grupo investiram 437 milhões de euros, uma parte interessante em projectos de inovação, alguns dos quais a Sonae apresentou esta quinta-feira, na Maia. “Somos merceeiros, mas com inovação e design”, declarou Paulo Azevedo, que  destacou que um dos projectos de inovação era precisamente o modelo de sapatilhas que calçava, um produto 100% português e 100 reciclável, feito a partir de cortiça e de burel, tecido típico da Serra da Estrela. “São um bocadinho quentes”, admitiu Paulo Azevedo, o que se explicará pelo facto de ser uma coleção de Inverno, que foi recentemente premiada na maior feira de desporto em Munique, na ISPO, e já está a ser vendida para 20 países.

Parceria com a Satya pode alargar-se a outros países

A parceria entre a Sonae e o grupo Satya, para entrar no mercado da distribuição em Moçambique, está em negociação e a expectativa é de que seja alargada a outros países africanos. Paulo Azevedo, presidente do grupo, admitiu que “estão a procurar novas localizações para crescer” em África, mas remeteu mais desenvolvimentos para o próximo ano. “Ainda não sei qual é o âmbito”, admitiu Paulo Azevedo, escusando-se a dar mais informações por não ser cordial falar de assuntos que estão em negociação com o grupo Satya, do milionário Mohamed Ibrahim.

Questionado pelos jornalistas, em jeito de provocação, Paulo Azevedo garantiu que Angola “está excluída desse âmbito”. Recorde-se que a Sonae chegou a ter uma parceria com Isabel dos Santos para a área da distribuição alimentar, mas a aliança acabou por ruir e a empresária avançou sozinha.

Sobre o acordo actual com a Satya, Paulo Azevedo referiu que se está “a desenvolver” e que “ é  uma parceria importante, mas ainda são só duas lojas, é um investimento ainda pequeno”.

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