Por cada par de Meyash vendido, outro par é doado

Empresa criada por três portugueses vende meias em pacotes de subscrição. As Meyash chegam à caixa do correio mensalmente e por cada par vendido outro é doado à Associação dos Albergues Nocturnos do Porto

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Quem nunca comprou meia dúzia de meias lisas e todas iguais mesmo antes de pagar as compras numa loja de roupa que atire o primeiro par. Manuel Oliveira, Marcos Fonseca e José Massada têm em comum o gosto por meias coloridas e divertidas — mas não tanto que não possam ser usadas em contextos mais formais — e decidiram criar uma marca com venda por subscrição. #NoMoreBoringBlackSocks é o slogan das Meyash, desenhadas por portugueses e produzidas em Portugal. “As meias com estampado têm ganho público e substituem a gravata como detalhe que ajuda a vincar a personalidade”, começa por dizer Manuel Oliveira, ao telefone com o P3 a partir de Nova Iorque, onde vive há dois anos.

Os três amigos — espalhados pelo Porto, por Nova Iorque e por Londres — idealizaram um negócio com um modelo de subscrição mensal, no qual o cliente compra pacotes de meias por um, três ou seis meses. Isto sem saber qual o padrão que vai receber. “Percebemos que, em Portugal, só a Happy Socks apostava nas meias divertidas, mas não havia muito mais com a imagem que queríamos”, conta o jovem de 33 anos. “Algumas até eram demasiado divertidas, não tinham a imagem que queríamos passar.”

E que imagem era essa? “Meias neutras com detalhes coloridos: pintinhas, quadrados, ananáses ou, até, cavalos marinhos bem discretos”, que não chocam quando conjugadas, por exemplo, com um fato. Online desde Dezembro de 2016, o site das Meyash foca-se, para já, em modelos masculinos, do tamanho 40 ao 45 (“que também funcionam para mulheres”). A ideia é testarem o mercado e, no futuro, lançarem modelos e tamanhos para mulheres e crianças, bem como “outro tipo de roupa, sobretudo interior e básica”.

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Em pesquisas sobre pequenos negócios na área do têxtil, os três amigos perceberem que a venda por subscrição poderia funcionar, à semelhança do que acontece lá fora. “É um produto que faz sentido ir recebendo com alguma cadência”, acredita Manuel, formado em Psicologia e com um mestrado em Gestão, até para renovar o stock. “E tem funcionado bem em Portugal porque são embalagens que cabem na caixa de correio, o que é uma vantagem e evita a deslocação aos correios.”

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Um outro “momento importante” na concepção do negócio foi o da descoberta de que “a roupa interior — e as meias em particular — é o produto em maior carência nos centros de acolhimento”. “Queríamos dar algo de volta à sociedade e, por isso, falámos com várias associações até chegarmos à Associação dos Albergues Nocturnos do Porto (AANP), que foi quem mais entusiasticamente respondeu”, lembra Manuel. Assim, por cada par vendido, um outro par é doado à AANP e a entrega das meias será feita de seis em seis meses.

Manuel, Marcos (30) e José (34) têm nesta nova empresa uma segunda ocupação. Manuel trabalha em pesquisas de investimento na GLG, em Nova Iorque; Marcos trabalha na área da moda a retalho na Sonae (proprietária do PÚBLICO), a partir do Porto; e José vive em Londres há vários anos, onde se dedica ao desenvolvimento de software e programação. Nestes primeiros quatro meses, as Meyash foram vendidas para dez países, sobretudo para compradores entre os 25 e os 45 anos “que gostam de viajar e têm um cuidado especial com a roupa”. A subscrição mensal de um par de meias custa 8,99 euros; dois pares por mês ficam por 16,99.

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