Votar com bâton numa igreja? Sim, é possível na Holanda

Holandeses votam hoje numa eleição vista com atenção na Europa. Muitos admitiam ter escolhido um partido mesmo no último momento, e o grande número de indecisos torna difícil qualquer previsão.

Fotogaleria
Igreja de Amesterdão Reuters/CRIS TOALA OLIVARES
Fotogaleria
Voto num bar de Driebruggen Reuters/MICHAEL KOOREN
Fotogaleria
Aeroporto de Eindhoven LUSA/ROB ENGELAAR
Fotogaleria
Mesa de voto em Roterdão LUSA/MARCO DE SWART
Fotogaleria
Placa que indica o local de voto na ilha de Marker Wadden LUSA/KOEN SUYK
Fotogaleria
Voto numa mesquita em Amesterdão Reuters/FRANCOIS LENOIR
Fotogaleria
Voto numa mesquita em Amesterdão Reuters/STRINGER
Fotogaleria
Local de voto num bar de Ankeveen, Netherlands Reuters/UNITED PHOTOS
Fotogaleria
LUSA/ROB ENGELAAR
Fotogaleria
Voto num bar de Kinderdijk Reuters/DYLAN MARTINEZ
Fotogaleria
Voto num bar de Kinderdijk Reuters/DYLAN MARTINEZ
Fotogaleria
Voto num bar de Kinderdijk Reuters/DYLAN MARTINEZ
Fotogaleria
Driebruggen Reuters/MICHAEL KOOREN
Fotogaleria
Local de voto drive-in, em Zuidplas Reuters/FRANCOIS LENOIR
Fotogaleria
Zuidplas Reuters/FRANCOIS LENOIR
Fotogaleria
Estação de comboios, Utrech LUSA/JEROEN JUMELET
Fotogaleria
O boletim de voto com a enorme quantidade de candidatos Reuters/CRIS TOALA OLIVARES
Fotogaleria
Até os tradicionais moinhos holandeses serviram de assembleia de voto LUSA/ROB ENGELAAR
Fotogaleria
O interior de um moinho LUSA/ROB ENGELAAR
Fotogaleria
O candidato da extrema-direita Geert Wilders exerce o direito de voto sob vigilância apertada da equipa de segurança Reuters/DYLAN MARTINEZ
Fotogaleria
Geert Wilders Reuters/DYLAN MARTINEZ
Fotogaleria
O actual primeiro-ministro Mark Rutte LUSA/JERRY LAMPEN
Fotogaleria
Uma carrinha transformada em assembleia de voto Reuters/YVES HERMAN
Fotogaleria
O interior da carrinha Reuters/YVES HERMAN
Fotogaleria
Urnas encerradas, chegou a hora da contagem dos votos Reuters/STRINGER
Fotogaleria
Os votos estão já a ser contabilizados Reuters/DYLAN MARTINEZ

Em escolas, supermercados, estações de comboios, e até igrejas, muitos holandeses estão a votar nas eleições que mais atenção internacional trouxeram para o país por causa da possibilidade de o candidato de extrema-direita, Geert Wilders, ficar num lugar cimeiro, mesmo que com apenas 17%, como previam algumas sondagens.

Cerca de 13 milhões de pessoas podem votar num país em que é habitual uma taxa de participação perto dos 75%, e espera-se que este ano seja um pouco maior: estimava-se de manhã que já possa ser 2 pontos percentuais à frente da última votação, em 2012.

Num local de voto em Amesterdão, numa clássica escola, alguns eleitores são mais desconfiados do que outros (um pede mesmo a carteira profissional de jornalista antes de aceder a falar), quando questionados sobre o seu sentido de voto.

“Voto no partido CDA [democrata-cristão], sempre votei”, explica o advogado Amaury, 37 anos, o mais desconfiado. Esteve indeciso e ainda considerou votar no primeiro-ministro, Mark Rutte, que está no poder desde 2010. “Mas sou um pouco mais liberal.” E acha que a posição do CDA é “um pouco mais humana” em relação a imigrantes e refugiados.

O essencial para ele é “estarmos juntos na Europa”. A Holanda só tem força quando integrada na União, e isso foi muito visível “nesta questão com a Turquia”, sublinhou.

“Claro que há alguns problemas com a imigração – o facto de tantos turcos holandeses apoiarem Erdogan mostra isso”, argumenta. “Mas a resposta não pode ser a de Wilders. Ele é racista, xenófobo e nunca votaria nele. Ele aponta alguns problemas que existem, mas dá uma solução errada”, defende.

Amber, 37 anos, secretária, veio votar por ela e pelo namorado – na Holanda, cada eleitor recebe um boletim de voto, e é esse boletim que é depois entregue e posto na urna. Assim, com o boletim e a identificação, qualquer pessoa o pode entregar em qualquer local de voto da cidade – e em Amesterdão há cerca de 400.

O importante é que a escolha seja marcada a vermelho. Nas cabinas de voto há lápis vermelhos, mas também se pode usar uma caneta, ou “qualquer coisa desde que seja vermelho”, explica um dos membros da mesa (que aqui não são representantes dos partidos - com 28 a concorrer, isso seria muito difícil). “Uma rapariga até votou com bâton!”, conta.

Grande indecisão

Amber votou no Partido dos Trabalhadores (social-democrata), já que a candidata é uma mulher. “Estava indecisa entre eles e a Esquerda Verde. Mas como o Jesse Klaver está a ficar muito popular, e a candidata do PvdA é uma mulher… escolhi a mulher”, diz. O voto do namorado foi para os liberais do D66, que já entraram em vários governos e têm uma política liberal.

“Para mim o mais importante são as questões sociais e o ambiente. Quero viver feliz num bom ambiente – e isso inclui, claro os imigrantes!”, diz.

Outro eleitor do PvdA é o professor de criminologia reformado Henk Effers, 68 anos. “Para mim a maior questão é a desigualdade de rendimento”, por isso escolheu este partido.

A maior parte dos eleitores só falam da extrema-direita quando questionados. “A minha escolha não tem nada a ver com Wilders, votaria neste partido quer ele existisse quer não”, explica Amber. Já a hospedeira Angela, 49 anos, diz que só espera uma coisa: “Que o PVV [de Wilders] não ganhe.”

Angela só decidiu o voto em cima da hora. “Estive muito indecisa entre o D66 e o VVD [o partido de Rutte”]. Mas as ideias do D66 em termos de educação e cuidado dos idosos foi o que a fez pender para os mais liberais."

Já um eleitor que prefere não dizer nem o nome nem em quem votou diz apenas que lhe foi muito difícil decidir entre um partido mais liberal em questões económicas e mais liberal em termos sociais. “Foi muito difícil decidir mas finalmente hoje decidi”, disse. “Mas não vou dizer o que decidi, só que foi difícil”, remata, a rir.

As últimas sondagens mostravam um grande número de indecisos: quatro em cada dez eleitores ainda não tinham escolhido o seu partido. E havia ainda uma enorme variação entre os últimos inquéritos de opinião: se parecia unânime que o primeiro lugar era de Rutte, o segundo lugar de Wilders era posto em causa por alguns institutos, chegando mesmo alguns a dar o segundo lugar à Esquerda Verde de Jesse Klaver.

As urnas fecham às 21 horas locais (20h em Portugal continental) e esperam-se as primeiras sondagens à boca das urnas até às 21h30.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários