Intel faz investimento multimilionário no sector dos carros autónomos

Multinacional muda unidade automóvel para Israel depois de comprar por mais de 14 mil milhões de euros uma empresa local que desenvolve tecnologia para carros sem condutor.

Fotogaleria
A Intel vai passar a utilizar a tecnologia de condução assistida desenvolvida pela Mobileye LUSA/ATEF SAFADI
Fotogaleria
A Mobileye vai manter o nome da marca, mas alterar o seu logótipo para passar a reflectir a compra pela Intel LUSA/ATEF SAFADI

A Intel apostou em força no mercado dos carros autónomos ao comprar a Mobileye – uma empresa tecnológica israelita conhecida por desenvolver sistemas de condução assistida – por 15,3 mil milhões de dólares (cerca de 14,3 mil milhões de euros).

É a mais recente tentativa por parte da multinacional do fabrico de processadores para expandir o seu leque de actividades para além do negócio dos computadores pessoais. Depois de apresentar o projecto de realidade virtual Alloy em Agosto de 2016, chega a vez de investir no mercado dos veículos sem condutor, que a Intel prevê que poderá valer 65 mil milhões de euros até 2030.

A Mobileye identifica a General Motors, a Nissan, a Hyundai e a BMW como os seus quatro maiores clientes, o que leva a Intel a considerar que a empresa israelita tem uma grande influência junto dos fabricantes e fornecedores automóveis.

“A [tecnologia da] Intel fornece os alicerces para tecnologias essenciais à condução autónoma, como a capacidade de se pré-definir o percurso feito pelo carro e permitir que este execute decisões de condução em tempo real”, explica o director executivo da Intel, Brian Krzanich, no comunicado desta terça-feira sobre a compra.

Para a Intel, no futuro os carros serão “centros de dados informáticos com rodas”, à medida que os desenvolvimentos no sector automóvel passam da condução assistida para a condução completamente autónoma (em que os veículos deixam até de precisar de incluir volante). Até 2020, a multinacional espera que os novos veículos autónomos gerem cerca de quatro mil gigabytes de dados de informação por dia. Para dar uma ideia da quantidade, mil gigabytes de informação permitem guardar cerca de 200 mil músicas (até 17 mil horas de música) e cerca de 500 horas de filmagens. Krzanich dá outro exemplo, com pessoas: "[Um] carro autónomo comum irá utilizar dados equivalentes a aproximadamente três mil indivíduos. Ao ter um milhão de carros autónomos a circular, vai-se usar o equivalente a metade da população mundial em dados informáticos."

A dependência dos carros do futuro em relação aos dados joga a favor da Intel no sector da computação de elevado desempenho, que agora também pode utilizar a experiência da Mobileye em sistemas de condução assistida que permitem aos veículos antecipar colisões e ler sinais de trânsito. O negócio deverá estar concluído dentro de nove meses.

“Ao juntar as nossas infra-estruturas e recursos, podemos acentuar e acelerar o conhecimento das nossas empresas nas áreas do mapeamento e condução virtual, desenvolvimento de simuladores, hardware, centros de data e plataformas de computação de elevado desempenho,” diz o presidente e director executivo da Mobileye, Ziv Aviram, em comunicado.

Antes de ser adquirida pela Intel, a Mobileye tinha-se juntado à Tesla para colaborar ao nível da tecnologia de condução autónoma. Porém, a parceria terminou em Setembro de 2016 no seguimento de desacordos sobre a segurança da tecnologia utilizada nos carros. A tensão entre as duas empresas tinha-se acentuado após o acidente de um carro da marca Tesla que seguia com piloto automático, em Maio de 2016, com a empresa israelita a dizer em comunicado que tinha expressado preocupações sobre a segurança do uso do piloto automático da Tesla em 2015.

O grupo de condução autónoma resultante da compra da Mobileye pela Intel terá sede em Israel.

Sugerir correcção
Comentar