Caixinha contra os cépticos e contra o Celtic

O português prometeu ambição na apresentação como treinador do Rangers, mas ainda falta muito até poder voltar ao topo do futebol escocês.

Foto
Caixinha foi apresentado na segunda-feira como treinador do Rangers Lee Smith/Reuters

Pedro Caixinha foi ambicioso a apresentar o seu plano para o Rangers. “Quero ganhar títulos europeus”, declarou o técnico português quando foi apresentando como treinador da equipa escocesa. O Rangers até tem algum historial no futebol europeu (uma Taça das Taças e três finais europeias), mas está bem longe desses tempos e, antes de pensar em ir longe na Europa, tem de se preocupar primeiro em voltar a desafiar o Celtic na Liga escocesa. Claro que o antigo técnico da União de Leiria, que assinou por três anos e meio e com um ordenado, segundo a imprensa britânica, de 800 mil libras por ano, não promete resultados para já. “Vai demorar tempo, mas, a este nível, é preciso colocar a fasquia no alto.”

O Rangers continua a ser o clube com mais títulos na Escócia (54), mas perdeu, nos últimos anos, o estatuto para poder competir de igual para igual com o seu rival da “Old Firm”. Em 2012, problemas financeiros graves atiraram a equipa de Ibrox para a quarta divisão e os anos que se seguiram serviram para ir subindo a escada de regresso à Premier League escocesa. Voltou em 2016, mas os problemas financeiros continuam a existir e, para já, anda muito longe do Celtic, campeão nas últimas quatro épocas – está em terceiro lugar, a 33 pontos do líder, mas conseguiu um empate (1-1) no Celtic Park antes de Caixinha assumir o lugar de treinador.

Para já, o treinador português é visto como uma aposta de algum risco para um clube que precisa urgentemente de voltar ao topo. E ninguém sabe muito bem quem ele é. “Não o conheço”, limitou-se a dizer Brendan Rodgers, treinador do Celtic, quando lhe perguntaram sobre o técnico alentejano de 46 anos. “Não sei quem é. Pelos vistos, escolheram um caminho diferente, mas vamos ver o que acontece”, referiu, por seu lado, Alex McLeish, que treinou o clube entre 2001 e 2007 e que era tido como um dos favoritos para ocupar o lugar.

Para Ally McCoist, antigo treinador e maior goleador da história do clube, não é um problema de nomes, é um problema de (falta de) dinheiro. “Nesta altura, qualquer um seria um risco. O treinador não era a prioridade. O clube precisa de investimento. Conheço gente que fala muito de treinadores e directores desportivos. Isso é um disparate. Tem tudo a ver com os jogadores que sobem ao relvado e o clube precisa de investimento”, diz o antigo avançado escocês, que foi o treinador que conduziu o Rangers em duas promoções consecutivas após a descida à quarta divisão e que abandonou o clube em Dezembro de 2014.

Caixinha chegou ao Rangers depois de ter causado boa impressão numa entrevista de emprego com os donos do clube em Londres, reunião essa negociada pelo seu empresário Pedro Mendes, antigo internacional português que esteve época e meia em Ibrox - Nuno Capucho foi o outro português que passou pelo Rangers como jogador. A direcção do clube ficou de tal forma impressionada com as ideias do português que pagou ao Al-Garafa, do Qatar, para antecipar a sua vinda.

Aos cépticos, Caixinha pede tempo e paciência. “Aconteceu o mesmo no México. Dêem-nos o benefício da dúvida. Deixem-nos trabalhar. Depois, podem avaliar o nosso trabalho. Estamos expostos a essa avaliação, tal como todos os treinadores do mundo. Aqui ainda será maior, porque é o Rangers”, declarou o português, cujos maiores feitos como treinador foram alcançados ao serviço do do Santos Laguna, com três títulos (Apertura 2014, Clausura 2015, Campeón de Campeones 2015). Antes da aventura mexicana, Caixinha foi treinador principal em Leiria e no Nacional, tendo sido adjunto nos anos anteriores, com passagens pelo Sporting, Al-Hilal, Panathinaikos, Rapid Bucareste e selecção da Arábia Saudita, sempre ao lado de José Peseiro.

Sugerir correcção
Comentar