A loja onde a memória do desporto se pode comprar

Em São Mamede de Infesta há um espaço onde se podem encontrar e adquirir as mais variadas antiguidades, mas todas têm um denominador comum: o desporto.

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Pedro Araújo tem 41 anos e trabalha com antiguidades desde os 18 Paulo Pimenta
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A Sport's Coleccionismo de Desporto situa-se em são Mamede de Infesta Paulo Pimenta
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A loja de antiguidades é ligada exclusivamente ao desporto Paulo Pimenta
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Na loja, pode-se encontrar artigos relacionados com várias modalidades Paulo Pimenta
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Bilhete para o Portugal - Coreia do Norte, no Mundial de 1966, em Inglaterra Paulo Pimenta
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Dragão de ouro que era atribuído aos jogadores do FC Porto por serem campeões europeus (1987) Paulo Pimenta
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Primeira equipa de basquetebol do Benfica (época 1928/29) Paulo Pimenta
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Convite, assinado por Pelé, para jantar no Porto feito pela Federação Portuguesa de Futebol à comitiva do Brasil (1965) Paulo Pimenta
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Porta-bloco em prata (1995) Paulo Pimenta
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Estatueta "El Crack" Paulo Pimenta
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Escritura do primeiro campo do Leixões Sport Club (1 de Julho, 1909) Paulo Pimenta
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Camisola de Joaquim Gomes, vencedor da 55ª Volta a Portugal (1993) Paulo Pimenta
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Bola assinada pelo plantel do União de Coimbra (época 1971/72) Paulo Pimenta

As lojas de antiguidades não são uma visão rara em Portugal, mas o que não é mesmo normal é ver uma dessas lojas inteiramente dedicada ao desporto. A Sport’s Coleccionismo de Desporto, inaugurada em 2012, tem um espaço de aproximadamente cem metros quadrados e armazena os mais diversos objectos relacionados directa ou indirectamente com aquela actividade. E há quase de tudo, desde as típicas camisolas de equipas de futebol, passando pelas cadernetas de cromos ou uma camisola da Volta a Portugal em bicicleta do ano de 1993. Futebol é o que se vê mais, mas as outras modalidades não são esquecidas. Tudo feito para agradar aos fãs de desporto.

O estabelecimento de Pedro Araújo, que pode ser visitado em São Mamede de Infesta, no concelho de Matosinhos, é caso único, como o próprio afirma. Pedro abriu uma loja relacionada com uma temática exclusivamente desportiva aos 37 anos, mas o pensamento já vinha de trás, quando era novo e tinha os hábitos que muitos jovens apaixonados por desporto têm em tenra idade. “Desde miúdo, coleccionava várias coisas relativamente a desporto: bilhetes de jogo, cachecóis, galhardetes, algumas camisolas também que conseguia ter”, conta ao PÚBLICO. Foi um hábito que Pedro que nunca mais largou, porque era um mundo que sempre o “apaixonou”.

Agora, com 41 anos, Pedro diz que o coleccionismo é algo que em Portugal ainda está “em ascensão”, não se podendo comparar aos “valores altíssimos” praticados no estrangeiro. “Em Portugal, ainda não há capacidade financeira para que essas peças atinjam esses valores. Mas penso que será um negócio mais de futuro”, acrescenta.

Pedro Araújo nem sempre esteve só ligado ao coleccionismo desportivo, pois trabalhou, desde os seus 18 anos, com “velharias e antiguidades de todo o género”, algo a que se dedicou quando saiu da escola.

Adepto confesso do Sporting Clube de Braga, Pedro Araújo não olha a clubes no momento de adquirir as peças, tal como os seus clientes na hora de as comprar: “Tenho aqui coleccionadores que são adeptos de um clube mas gostam de ter objectos de vários clubes. Não especificamente só de um.” Esse é um dos motivos pelos quais algumas pessoas adquirem as peças, mas há mais. “Tenho clientes que o fazem por nostalgia, porque compram só objectos daquelas décadas, que se lembram dos jogadores A, B ou C. Há outros que não, que é por gosto do seu próprio clube”, diz o gerente.

Pedro Araújo não é capaz de indicar quais os objectos que chamam mais a atenção dos clientes. “De tudo um pouco, porque há coleccionadores para tudo e de várias modalidades”, responde, enquanto faz um gesto a mostrar a loja: “Como vê, tenho artigos de todas as modalidades. Não é especificamente só de futebol, embora o futebol seja a paixão dos portugueses, mas também há outras pessoas que gostam de outros objectos relativos a outras modalidades.” Mas o proprietário não está inteiramente convencido da sua resposta e adianta. “Quer dizer, se calhar, as camisolas de futebol usadas em jogo por atletas são os objectos mais procurados”, afirma.

A aquisição dos produtos, tarefa não propriamente fácil, é feita de várias maneiras. Pedro encontra objectos em feiras, adquire-os através de clubes que deixam de existir ou através de espólios de atletas. “Todos ou quase todos os objectos que eu adquiro são difíceis de encontrar. Porque muitas vezes são espólios de atletas. E não é fácil para os próprios atletas ou os familiares venderem os seus espólios”, aponta.

Para adquirir os artigos, Pedro Araújo faz uso dos seus contactos, fruto também, do seu cargo de dirigente do Arsenal Clube Parada, clube de futsal da II Divisão nacional e no qual também jogou.

Mas Pedro Araújo não é só o proprietário de uma loja de antiguidades. Também é um contador de histórias, como se nota quando pega na ementa do jantar que foi oferecido pela Federação Portuguesa de Futebol à selecção do Brasil, no Palácio de Cristal, quando esta visitou o Porto antes do jogo com Portugal, em 1965. É um documento assinado por Pelé e Pedro exibe-o com orgulho.

Quase a meio do seu quinto ano de negócio à frente da Sport’s Coleccionismo de Desporto, Pedro Araújo identifica o desconhecimento de alguns coleccionadores face ao propósito da loja como a maior dificuldade que teve no início.

“As primeiras abordagens que eu tive de coleccionadores sobre a loja era se eu não queria trocar os objectos que tinham. E eu tive de educar os clientes e informá-los de que esta era uma loja de venda, embora eu comprasse os artigos que eles tivessem para troca, caso me interessassem, com valores aceitáveis para tornar a renegociar. Hoje em dia, eles já me abordam para comprar. E vão aparecendo cada vez mais clientes”, explica.

Devido à ligação que tem com alguns objectos, nem sempre é fácil ver alguns saírem da loja. “Mas este é o meu negócio. Temos que pôr um bocadinho o coração de lado para podermos vender”, reconhece. E quando questionado sobre que peça mais lhe custou a vender, Pedro refere as camisolas dos anos 40 e 50 da selecção nacional e de clubes estrangeiros.

Portugal-Coreia do Norte

Não terão sido muitos os portugueses que estiveram em Liverpool para assistir das bancadas do Goodison Park a um dos jogos que estarão para sempre na história do futebol português — o Portugal-Coreia do Norte, do Mundial de 1966, e que a selecção nacional venceu por 5-3 depois de ter estado a perder por 3-0. Um bilhete daquela partida é, por isso, uma relíquia apetecível e só haverá 40.248, o número de espectadores presentes.

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Equipa do Benfica

O basquetebol é uma modalidade com tradição no Benfica. O clube lisboeta é mesmo o emblema que mais títulos de campeão nacional ostenta (26), bem à frente do FC Porto (12). E tudo começou na temporada de 1928-29, quando os cinco jogadores da fotografia formaram a primeira equipa de basquetebol dos “encarnados”. O primeiro título de campeão nacional, contudo, só surgiria 11 épocas depois, na temporada de ?1939-40.

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Portugal-Brasil

As selecções de futebol de Portugal e Brasil já se defrontaram por 20 ocasiões. Em 1965, o palco escolhido para o duelo entre as equipas nacionais dos dois países foi a cidade do Porto e a Federação Portuguesa de Futebol convidou a comitiva brasileira para um jantar. Entre os brasileiros, destacava-se um nome: Pelé. O craque do futebol mundial marcou presença no evento e deixou a sua assinatura neste convite para o repasto.

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Leixões

O Leixões Sport Club, fundado a 28 de Novembro de 1907, é um dos emblemas históricos do futebol nacional. Com 25 presenças no principal campeonato de futebol português e uma Taça de Portugal na sua sala de troféus, o clube de Matosinhos tem uma longa história atrás de si. Prova disso mesmo é esta escritura de compra do primeiro campo do Leixões, denominado Campo de Conde Alto Meirim, e datada de 1 de Julho de 1909.

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Volta a Portugal

Símbolo de liderança da classificação geral, a camisola amarela da Volta a Portugal não é vestida por muitos ciclistas. Esta esteve no corpo de um dos melhores ciclistas portugueses da última década do século passado, Joaquim Gomes, que em 1993 venceu a 55.ª edição da prova. Actualmente director da mais importante corrida do calendário nacional de ciclismo, Joaquim Gomes conclui a corrida de 1993 à frente de Vítor Gamito. 

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