Dois mil mortos em 18 meses de conflito entre Turquia e PKK, diz a ONU

Um relatório das Nações Unidas acusa a Turquia de violar direitos humanos no conflito contra os separatistas curdos na região do sudeste do país.

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Edifício destruído na cidade turca de Cizre Sertac Kayar / Reuters

Um relatório das Nações Unidas acusa a Turquia de violações dos direitos humanos nas operações militares do Governo de Ancara nas regiões maioritariamente curdas do Sudeste do país. O documento diz que cerca de duas mil pessoas morreram em 18 meses de conflito./1750211

O relatório, divulgado pela BBC, foi realizado no rescaldo do colapso do acordo de cessar-fogo entre Ancara e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em inglês), que iniciou uma vaga de violência em Julho de 2015. Aí são relatados homicídios, desaparecimentos e tortura. O Governo turco considerou o documento “tendencioso” e “longe de ser profissional”.

Além das mortes, a ONU diz ainda que entre 350 a 500 mil pessoas foram deslocadas durante os combates entre Julho de 2015 e Dezembro de 2016, e refere que as imagens de satélite revelam uma “escala enorme de destruição em zonas habitacional feitas por armamento pesado”. O responsável pelos direitos humanos na ONU, Zeid Ra’ad al-Hussein, diz que não foi conduzida “nenhuma investigação credível” por parte de Ancara.

O Governo turco, por sua vez, “contestou a veracidade das alegações muito sérias que foram feitas”, cita a BBC. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia também reagiu, em comunicado. “O ‘relatório’ sobre operações antiterroristas no Sudeste é baseado em informações falsas”, afirma, utilizando a sua habitual argumentação. “Nós não aceitamos alegações infundadas no relatório que correspondem exactamente à propaganda do grupo terrorista”, afirmou ainda referindo-se ao PKK.

O executivo turco argumenta que o PKK conduziu “ataques violentos que causaram mortes e ferimentos nas forças de segurança turcas e noutros indivíduos”, estando também envolvido, alega, em “raptos, incluindo de crianças”. 

O relatório da ONU foi realizado tendo por base relatos públicos e confidenciais, imagens de satélite e outras fontes. De entre os relatos particularmente chocantes, um deles conta como, em Fevereiro de 2016, a família de um homem morto na cidade de Cizre foi informada do sucedido tendo sido convidada a recolher os seus restos mortais no gabinete do procurador da região. Sem ter sido dadas informações da forma como ocorreu a morte, a família recebeu três pedaços de carne queimada.

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