Apple e Samsung tentam tranquilizar clientes quanto à privacidade dos aparelhos

WikiLeaks revelou documentos com ferramentas da CIA para espiar telemóveis, computadores e televisões. Empresas dizem que falhas de segurança estão a ser corrigidas.

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A Apple apelou a que os clientes actualizem o sistema LUSA/ANDREW GOMBERT

Depois de a WikiLeaks publicar informação sobre um arsenal de ciberespionagem da CIA para ser usado em telemóveis, computadores e televisões, empresas como a Apple e a Samsung estão a tentar tranquilizar os clientes quanto à privacidade dos seus aparelhos.

A Apple – cujo iPhone (tal como os Android) está entre o grande leque de dispositivos que a CIA terá capacidade para espiar – afirmou que muitas das falhas de segurança já foram resolvidas, apesar de as declarações darem a entender que ainda há questões pendentes. “Embora a nossa análise inicial indique que muitos dos problemas revelados hoje [nesta terça-feira] já foram solucionados no último iOS [o sistema operativo do iPhone], vamos continuar a trabalhar para resolver rapidamente quaisquer vulnerabilidades identificadas", indica a tecnológica.

A empresa apelou também aos clientes para fazerem as actualizações do sistema, uma prática que alguns utilizadores preferem evitar, uma vez que instalar novas versões pode acabar por conduzir a um pior desempenho dos telemóveis, particularmente nos modelos mais antigos. “Os nossos produtos e software estão desenhados para rapidamente porem as actualizações de segurança nas mãos dos clientes, com quase 80% dos utilizadores a terem a última versão do nosso sistema operativo”, disse a Apple. “Apelamos sempre aos clientes para descarregarem a última versão do iOS, para garantir que têm as mais recentes actualizações de segurança", acrescenta.

De acordo com a informação divulgada pela WikiLeaks, uma organização que há anos se dedica a revelar documentos secretos de vários países, as ferramentas da CIA permitem que esta agência intercepte chamadas e mensagens, incluindo as enviadas em algumas aplicações populares, como o WhatsApp (algo que aconteceria antes de estas aplicações encriptarem as comunicações ou depois de já as terem desencriptado no telemóvel do destinatário). O Google, que encabeça o desenvolvimento do sistema Android, que equipa a grande maioria dos smartphones do mundo, não fez comentários sobre as revelações do site de denúncias.

Para além dos métodos e ferramentas informáticas para espiar telemóveis, a informação da WikiLeaks também inclui detalhes sobre as técnicas usadas para atacar computadores (com sistemas operativos Windows, Mac OS e Linux), televisões e carros.

A Microsoft – cujo Windows equipa a grande maioria dos computadores pessoais – disse apenas estar a analisar o caso.

Já a Samsung, que tem estado nas notícias por más razões nos tempos recentes, é outra das empresas cujos produtos são mencionados na documentação. Uma ferramenta permitiria à CIA fazer com as televisões inteligentes da marca parecessem desligadas, enquanto, na verdade, estavam a captar o som circundante. A falha de segurança podia ser explorada em modelos de 2012 e 2013, cujo software não tivesse sido actualizado. O ataque terá sido desenvolvido em parceria com os espiões britânicos do MI5.

A multinacional sul-coreana afirmou que proteger a segurança e a privacidade dos dispositivos é “uma prioridade máxima” e disse estar “a analisar o assunto com urgência”. Estas não são, de resto, as primeiras notícias de televisões da Samsung a gravar o que os utilizadores dizem, embora o primeiro caso não tivesse nada a ver com espionagem governamental. Em 2015, a empresa admitiu que a voz de alguns utilizadores (em conformidade com os termos de uso com que tinham concordado) estava a ser gravada por microfones na televisão e no controlo remoto, como parte da funcionalidade de comandos de voz.

Ao contrário do que aconteceu com as revelações de Edward Snowden sobre a vigilância em larga escala da Agência de Segurança Nacional dos EUA, as informações agora divulgadas sobre a CIA apenas indicam a existência de técnicas e ferramentas de espionagem, e não casos em que estas tenham sido usadas. 

 

 

 

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