Câmara da Covilhã contesta eventual exploração mineira na Argemela

Moção de protesta aponta o "fundado receio" manifestado pela população "perante uma eventual extracção de depósitos minerais pelo método de pedreiras a céu aberto" e consequentes alterações na paisagem e eventualmente no rio Zêzere.

A Câmara da Covilhã anunciou esta quarta-feira que o executivo aprovou por unanimidade uma moção de protesto relativa à eventual concessão mineira na Serra da Argemela, que abrange a área da União das Freguesias de Barco e Coutada, naquele concelho do distrito de Castelo Branco.

"Esta moção visa garantir que todos os procedimentos relativos a este tipo de concessões serão escrupulosamente cumpridos, de modo a salvaguardar o interesse das populações e a preservação do valor patrimonial e natural desta região", refere um comunicado enviado à agência Lusa.

No documento, "com efeitos de reclamação", que será enviado aos ministérios da Economia e do Ambiente, bem como à secretaria de Estado da Energia, à Direcção Geral de Energia e Geologia, à Direcção de Serviços de Minas e Pedreiras e aos grupos parlamentares, é referido que o primeiro motivo de protesto da autarquia se prende com a falta de informação.

"Convenhamos, em assunto desta importância, impunha-se que fossem fornecidos à Câmara Municipal todos os documentos relativos ao processo, por forma a conhecer na plenitude o que se vem requerer, seja em termos de método e plano de trabalho, seja em termos de impacto ambiental e de medidas preventivas e de recuperação dos impactos que vierem a ser provocados", está escrito na moção.

Ressalvando a importância da mancha florestal da Serra da Argemela, o documento também aponta o "fundado receio" manifestado pela população "perante uma eventual extracção de depósitos minerais pelo método de pedreiras a céu aberto" e consequentes alterações na paisagem e eventualmente no rio Zêzere.

"Ora, em relação a isso tem esta Câmara Municipal muito a objectar, porquanto tem sido feito nos últimos vinte anos um grande esforço de limpeza e despoluição do rio e deste modo o risco de poluição é bem real. Convém, aliás, deixar expressa a nossa oposição a que se contaminem as águas do rio Zêzere por, exactamente na freguesia de Barco e na do Ourondo, haver regadios agrícolas colectivos (...)", é apontado no documento, que também refere que "os trabalhos de extracção como os previstos colocam em risco a fauna e a flora, danificam caminhos e estradas e, em alguns casos, lançam na atmosfera poeiras e resíduos perigosos".

Esta moção surge depois de em Fevereiro ter sido publicado em Diário da República o pedido de concessão de exploração mineira para uma área superior a 400 hectares na Serra da Argemela, abrangendo freguesias do Fundão e da Covilhã.

O pedido motivou já uma manifestação popular realizada na freguesia do Barco, concelho da Covilhã.

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