Morreu um dos pioneiros da detecção das ondas gravitacionais

O cientista Ronald Drever é um dos três fundadores do observatório LIGO, nos EUA, onde as minúsculas distorções no tecido do espaço-tempo foram detectadas.

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Ronald Drever (ao centro), ao lado de Kip Thorne (à esquerda) e de Robbie Vogt (o primeiro director do observatório LIGO) Arquivos do Instituto de Tecnologia da Califórnia

O físico escocês Ronald Drever – um dos fundadores do observatório que detectou pela primeira vez as ondas gravitacionais, em 2015, previstas por Albert Einstein há mais de um século – morreu esta terça-feira, em Edimburgo, Escócia. Tinha 85 anos e, segundo uma notícia da revista Science, sofria de uma forma de demência.

Ronald Drever fez o doutoramento na Universidade de Glasgow, na Escócia, onde criou o seu grupo de investigação em ondas gravitacionais. Em 1979, mudou-se para os Estados Unidos, para o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), para continuar a trabalhar nesta área. Dedicou assim grande parte da sua vida à detecção das ondas gravitacionais, que são pequeninas distorções no tecido do espaço-tempo teorizadas pela primeira vez por Albert Einstein há mais de 100 anos. Einstein tinha previsto a existência de ondas gravitacionais como parte da teoria geral da relatividade, teoria que explica a gravidade como distorções no espaço-tempo causadas pela matéria.

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Fundação Gruber

Em conjunto com Kip Thorne (do Caltech e que ajudou a recrutar Ronald Drever para aquele instituto, como lembra a Science) e Rainer Weiss (do Instituto de tecnologia do Massachusetts), o físico escocês fundou na década de 80 a colaboração LIGO, ou Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, nos Estados Unidos. O LIGO começou depois a ser projectado em 1992 e, em 2015, teve finalmente o seu momento alto. Os seus dois detectores, um em Livingston (no Louisiana) e o outro em Hanford (Washington), “apanharam” pela primeira vez as ondas gravitacionais e o mundo saberia desse feito em 2016, numa conferência no Caltech transmitida pela Internet para o mundo inteiro.

“Era um dos físicos mais criativos que conheci”, disse Kip Thorne, citado pela Science, adiantando que, apesar do seu declínio cognitivo, ainda teve noção da descoberta do LIGO.

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