"Sim, mas" – a avaliação dos críticos à Nintendo Switch

Imprensa diz que conceito é inovador, mas há quem argumente que funciona melhor como consola doméstica do que como portátil.

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A consola começou a ser vendida na sexta-feira Reuters/TORU HANAI

A nova consola híbrida da Nintendo estreou-se em Portugal, e no resto do mundo, na sexta-feira. A proposta de ligar uma consola em casa, sentado no sofá, e continuar o jogo no comboio a caminho do emprego tem gerado tanto interesse como cepticismo desde que o conceito da Switch foi divulgado, em Outubro.

Nos últimos dias, têm sido publicados os veredictos dos críticos de videojogos sobre o “dois-em-um” da multinacional japonesa: há notas positivas para a originalidade, para a qualidade gráfica, e para o modo doméstico da consola. Porém, para alguns, a consola em modo portátil deixa a desejar, especialmente devido ao tamanho excessivo e à autonomia da bateria. Além disso, os jogos descarregados através da Internet (em vez de serem comprados em formato físico) não funcionam nos dois modos. 

A consola tem um ecrã no centro rodeado por dois comandos removíveis (chamados Joy-Con), o que lhe permite funcionar como um dispositivo portátil tradicional. Ao desencaixar os comandos e ligar a consola a uma base ligada a outro ecrã, a Switch transforma-se numa consola doméstica. Os comandos podem ser utilizados um em cada mão (à semelhança do que acontecia com a Nintendo Wii), ou encaixados num suporte que lhes confere um formato mais habitual (vários utilizadores queixaram-se online de problemas com o comando esquerdo). 

A voz dos críticos

Segundo a análise de Paul Tassi, da Forbes: “Uma das minhas maiores queixas sobre o hardware da Nintendo é que as inovações deles nunca pareceram necessárias, nunca pareciam adicionar algo aos jogos. Isto muda com a Switch. A portabilidade da consola é a primeira funcionalidade que posso apontar e dizer ‘sim, isto muda algo, isto é uma mais-valia no momento de comprar.”

Já o crítico de tecnologia Brian X. Chen, do New York Timeselogia o modo inteligente como os comandos podem ser utilizados e o detalhe dos gráficos, porém nota que faltam algumas funcionalidades, como auriculares que funcionam através de bluetooth. O maior problema para Chen é que a “a Switch não é uma consola portátil fantástica”. Além da curta vida da bateria, Chen diz que a largura de cerca de 24 centímetros torna a consola um constrangimento e “pesado para agarrar durante longos períodos de tempo.”

Apesar das queixas – incluindo um defeito de fabrico que impediu Chen de ligar a consola durante um dia inteiro – o especialista do New York Times diz que a versatilidade do dispositivo faz com que valha a pena o dinheiro, concluindo que comprar a Switch é “um risco que vale apena.”

Vários outros erros foram detectados pelos primeiros jogadores da consola, de acordo com a página de Twitter oficial da Nintendo.

 

 

O Le Monde, por seu lado, testou a declaração da Nintendo de que a bateria da Switch dura até mais de seis horas de cada vez em modo portátil, e cerca de três horas para jogos de alto desempenho como o Zelda: Breath of the Wild. A consola passou no teste. Demorou precisamente três horas e dois minutos para ficar sem carga durante uma viagem de comboio a jogar Zelda. Já o processo de recarregar a bateria foi descrito como uma maratona – “demorou-nos três horas e sete minutos para a bateria da consola a carregar ir dos zero aos 100%” –, embora a consola já tivesse 70% da carga ao fim de uma hora.

O jornal francês também destaca a versatilidade que os comandos da Switch oferecem para jogos em família. “São removíveis, possíveis de utilizar por um ou dois jogadores, e reconhecem os movimentos da mesma forma que a [a consola] Wii, representando uma abordagem em particular da Nintendo: o desejo de privilegiar o divertimento de uma forma deliberadamente original”

“É certamente um pouco constrangedor agarrar o Joy-Con com ambos os comandos de cada lado,” diz Devindra Hardawar, do site de tecnologia Engadget, embora pense que poucas pessoas vão optar por jogar Switch nesse modo. A fraca luminosidade do ecrã da versão portátil foi outro problema: “A consola funciona melhor dentro de casa e em dias nublados. Assim que há um pouco de sol no céu, torna-se muito mais difícil ver alguma coisa no ecrã. E sim, eu certifiquei-me que desliguei os ajustes automáticos do ecrã e coloquei a luminosidade no máximo.”

Em Portugal, a equipa da Exame de Informática também já teve oportunidade de testar a Switch. Embora digam que não rouba o lugar a outras consolas, nomeadamente a Play Station 4, gostaram: “É a melhor consola móvel do mercado e é também a melhor consola para brincar em família.”

Em Portugal, a Switch custa 329,99 euros. Para quem quiser o Breath of the Wild – o novo jogo Zelda – a acompanhar são mais 69,99 euros.

Texto editado por João Pedro Pereira

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