Offshores: ex-director do fisco admite possibilidade de erro informático

Azevedo Pereira afirma que apenas uma das 20 declarações polémicas deu entrada ou diz respeito ao período em que foi director-geral. Confirma também que, tanto quanto sabe, o que aconteceu foi que parte das informações não chegaram ao sistema central do fisco.

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evr enric vives-rubio

Pode ter sido apenas um erro informático, embora não seja totalmente de descartar que haja responsabilidade humana. O que é certo é que nem toda a informação enviada pelos bancos sobre as polémicas transferências para paraísos fiscais chegou ao sistema informático central da Autoridade Tributária. Foi esta a explicação dada nesta sexta-feira no Parlamento por José Azevedo Pereira, ex-director do fisco.

“Não sei se é só um problema informático”, afirmou Azevedo Pereira aos deputados, que deu algumas explicações técnicas para explicar a razão de nem toda a informação ter chegado ao sistema informático central da AT.

“A informação chega ao sistema, fica num primeiro armazém, de seguida é transferida, não está preparada para ser trabalhada e vai para um armazém central – o sistema central da AT”, disse Azevedo Pereira, afirmando de seguida que “uma parte das linhas que foram transmitidas não passaram para o segundo armazém”.

Assumindo que a situação é pouco habitual – “não há a este nível, que eu me lembre, notícia de um problema como este que está aqui em causa” –, o homem que dirigiu o fisco de Setembro de 2007 a Julho de 2014 recusa um papel importante nesta polémica. “Aparentemente, das 20 declarações, apenas uma diz respeito ou deu entrada no período em que eu fui director-geral.”

Nas respostas aos deputados sobre a falta de controlo de 10 mil milhões de euros transferidos para offshores, Azevedo Pereira diz que o que se sabe hoje é que "a informação que chegou à inspecção não era toda a informação que deveria ter chegado", ou seja, parte das 20 declarações não passaram para o sistema central.

O ex-director do fisco foi explicando que há uma possibilidade forte de erro informático, não descartando a possibilidade de haver mão humana, e pediu para se esperar pelo relatório da Autoridade Tributária. Até porque, garantiu, apesar de os dados não terem sido publicados, continuaram a ser fiscalizados. "Os dados que chegaram à inspecção em condições de serem tratados, foram tratados dos moldes em que tinham sido tratados em anos anteriores".

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