Nos vai pagar 53 milhões em dividendos à Sonae e a Isabel dos Santos

Operadora de telecomunicações vai distribuir um dividendo de 20 cêntimos por acção, relativo a 2016, ano em que lucrou 90,4 milhões de euros.

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A Nos, liderada por Miguel Almeida, ultrapassou em 2016 a meta de receitas que tinha fixado para 2018 LUSA/TIAGO PETINGA

A Nos vai propor um dividendo de 20 cêntimos por acção relativo ao exercício de 2016. Esta retribuição aos accionistas é superior ao lucro de 90,4 milhões de euros registado pela empresa no ano passado e irá traduzir-se numa remuneração de quase 27 milhões a cada um dos dois principais accionistas: a Sonae e a empresária angolana Isabel dos Santos, que estão reunidos na ZOPT, sociedade que controla 52,15% da Nos.

A empresa entrega geralmente mais de 90% dos lucros aos accionistas, no entanto, irá ultrapassar essa fasquia com os resultados de 2016 (114% dos lucros), um valor que “reflecte o elevado nível de confiança do conselho de administração” nas perspectivas de crescimento futuro da empresa, como sublinhou o presidente da Nos, Miguel Almeida, na conferência de apresentação de contas.

O gestor classificou 2016 como “um ano de excelente desempenho comercial, operacional e financeiro”, em que a empresa concretizou com “claro sucesso” a estratégia que anunciou em Fevereiro de 2014, depois da fusão entre a Zon e a Optimus. Em 2016, o resultado operacional cresceu 4,4% para 557 milhões de euros e as receitas aumentaram 4,9%, para 1515 milhões de euros.

Uma evolução conseguida essencialmente pelo aumento de 7,2% base de serviços (de 8,1% no móvel, para 4,4 milhões, e de 3,7% na televisão, para 1,6 milhões). Esta evolução traduziu-se em mais 611 mil serviços vendidos em 2016, para um total de 9,077 milhões.

A empresa já tem 46% dos seus clientes com pacotes de serviços (680 mil clientes), estimando ter, em média, cinco serviços por cliente. “Um salto assinalável”, considerando que em 2014 só 45 mil clientes tinham pacotes de serviços, sublinhou o administrador financeiro da Nos, José Pedro Pereira da Costa.

A Nos reportou-se aos últimos dados conhecidos da Anacom sobre a evolução das receitas no sector das telecomunicações para mostrar que já ultrapassou a meta a que se tinha proposto em 2014: conquistar 30% das receitas do mercado até 2018. Esse marco foi conseguido no terceiro trimestre de 2016, quando a quota da Nos chegou aos 30,2%, destacou Miguel Almeida.

Pereira da Costa também destacou a tendência “distintiva” de crescimento de receitas de telecomunicações da Nos (aumento de 5,1%) quando comparada com o mercado total, em Portugal, que não deverá ter registado em 2016 mais do que um “crescimento anémico” de 0,8%.

“O ritmo de crescimento que tivemos em três anos era imprevisível até para nós”, sublinhou Miguel Almeida. Vai haver “uma desaceleração”, são essas “as nossas expectativas”, declarou o gestor, acrescentando que “é impossível esperar ritmos de crescimento iguais ao do passado”.

As acções da Nos fecharam a sessão de sexta-feira a cair 3,35%, para 5,36 cêntimos. Questionado sobre o desempenho das acções ao longo de 2016, o presidente da Nos admitiu que “há uma leitura dos mercados de menor clareza sobre o futuro da empresa” que caberá à gestão “clarificar”. É uma leitura “que não tem aderência à nossa perspectiva de valor gerado”, frisou Miguel Almeida.
 

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