Está ainda longe das muitas dezenas de milhões atingidas pelas duas versões do Retrato de Adele Bloch-Bauer (1907 e 1912), mas mesmo assim a paisagem de Gustav Klimt (1862-1918) vendida em leilão na última quarta-feira rendeu um valor recorde para este género de obras, e para quadros transaccionados em leilão na Europa.

Bauerngärten (que se poderá traduzir por Paisagem campestre), uma obra de 1907, foi vendida num leilão de arte impressionista, moderna e surrealista da Sotheby’s por 48 milhões de libras (56 milhões de euros), atingindo, como se esperava, a soma mais alta da sessão.

Bauerngärten representa numa tela quadrada uma espécie de festim primaveril numa pirâmide de flores – papoilas, margaridas, zínias e rosas –, e é um exemplar da fase mais criativa do artista austríaco. É também “uma das mais belas obras do artista jamais postas à venda em leilão”, diz a Sotheby’s no comunicado em que anuncia os resultados da sessão, que rendeu perto de 229 milhões de euros – e que a leiloeira diz ser também uma soma recorde em leilões realizados em Londres.

“O resultado extraordinário desta noite é tanto uma nova referência para as vendas de Londres como é um testemunho da dinâmica que atravessa o mercado global da arte em 2017”, diz no comunicado Helena Newman, presidente da Sotheby’s-Europa, realçando também o importante papel desempenhado nesta situação pelos compradores e coleccionadores asiáticos.

A tela de Klimt tornou-se na pintura paisagística do artista austríaco vendida pelo valor mais alto num leilão na Europa, e a terceira mais cara do género, a seguir – diz a Reuters – a L"Homme Qui Marche I (O Homem Que Caminha I, 1960), do pintor e escultor suíço Alberto Giacometti (1901-1966), vendido por 65 milhões de libras em 2010, e a O massacre dos inocentes (1636-38), de Peter-Paul Rubens (1577-1640), que em 2002 foi transaccionado por 49,5 milhões de libras.

Bauerngärten pertencia a um coleccionador privado, não identificado, que em 1994 o tinha comprado por 6,8 milhões de euros num leilão da Christie’s, também em Londres. Recentemente, o quadro tinha sido exibido em público na Royal Academy of Arts da capital britânica, no âmbito da exposição Painting the Modern Garden.