E se trocássemos umas ideias sobre supervisão bancária?

CDS-PP marca interpelação ao Governo sobre supervisão bancária.

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"Eu não sou de ignorar os problemas", disse Assunção Cristas Rui Gaudêncio

O CDS-PP marcou uma interpelação ao Governo sobre supervisão bancária para a próxima quinta-feira, reafirmando a posição crítica do partido sobre a supervisão à luz dos "desenvolvimentos do último ano".

"O CDS sempre teve uma posição crítica em relação à supervisão e com os desenvolvimentos do último ano há muitas questões novas que têm de ser postas em cima da mesa", disse à Lusa a vice-presidente do partido e deputada Cecília Meireles.

A dirigente e deputada centrista sublinhou que a supervisão bancária foi "uma das prioridades apontadas pela presidente do partido quando foi eleita" há quase um ano, em que propôs, no discurso de encerramento do Congresso do CDS, uma revisão da regulação e supervisão do setor financeiro, incluindo da designação do governador do Banco de Portugal.

A marcação do debate estava prevista, já que Assunção Cristas queria cumprir as prioridades que elegeu em Congresso antes de completar um ano à frente do CDS, antes da grande reportagem emitida na quarta-feira pela SIC sobre o caso BES (a primeira parte de três), com incidência na atuação do Banco de Portugal, liderado por Carlos Costa, no segundo semestre de 2013.

Segundo essa reportagem da SIC, técnicos do BdP assinaram uma nota informativa interna, logo em Novembro de 2013, na qual punham em causa a continuidade de quatro administradores do BES e sugeriam mesmo o afastamento imediato do presidente, Ricardo Salgado.

"Este é o momento de saber, afinal, o que pensa o Governo sobre esta matéria. As interpelações ao Governo são isso mesmo, não são debates de apresentação de propostas dos partidos", afirmou Cecília Meireles, escusando-se a avançar se os centristas apresentarão algum projeto nessa discussão.

As conclusões das recentes comissões de inquérito à banca foram também invocadas por Cecília Meireles para frisar a oportunidade do debate: "É importante que o parlamento dê seguimento às conclusões das comissões de inquérito".

"A nossa ideia é fazer um debate sereno", declarou.

No discurso de encerramento do 26.º Congresso do CDS-PP, Assunção Cristas elegeu, entre quatro prioridades para uma agenda para o país, "no setor financeiro, a revisão da regulação e supervisão por entidades independentes, mudando nomeadamente o sistema de designação do Governador do Banco de Portugal".

"Todos estamos cansados de ver bancos a cair e a regulação a lamentar não o ter conseguido evitar. Preferimos reconhecer o problema e proteger os portugueses a ficar calados e a fingir que nada se passa. Eu não sou de ignorar os problemas", defendeu.

A presidente do CDS ressalvou, contudo: "Não confundamos, dizer que o modelo tem de ser melhorado não é criticar pessoas, não é partidarização. Não embarcamos na politização desta questão ao jeito do PS, com o Governo a criticar as entidades em concreto."

 

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