"A Vanessa está longe de ser velha para o triatlo"

Sérgio Santos e Paulo Colaço, antigo e actual treinadores da medalhada olímpica, falam ao PÚBLICO deste regresso.

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Reuters/JOSE MANUEL RIBEIRO

O regresso de Vanessa Fernandes, vice-campeã olímpica de triatlo em Pequim 2008, à alta competição no seu desporto de origem levanta questões de vária ordem, tendo em conta o passado glorioso da atleta e as suas perspectivas futuras. O que se pode, então, esperar daquela que rapidamente se assumiu como uma das melhores triatletas de sempre? O PÚBLICO falou com dois treinadores que conhecem de perto os atributos de Vanessa e que acreditam que estará pronta para competir novamente ao alto nível, mesmo sem traçarem objectivos concretos.

Depois dos Jogos Olímpicos de Pequim, Vanessa Fernandes desistiu em várias provas triatlo em 2009, acontecendo-lhe o mesmo em Outubro de 2011, em Huatulco, no México. Antes, conquistou ainda os Europeus de Quarteira, em Abril de 2010, e um 10.º lugar no triatlo mundial de Madrid, em Junho desse ano. Poderá, agora, voltar ao fulgor dos anos que mediaram entre 2004 e 2008? E que condicionantes terá como mais marcantes, as questões da idade ou as anímicas?

Paulo Colaço, treinador de Vanessa Fernandes e professor na Universidade do Minho, sublinha que não pode desvendar o que pensa do regresso da atleta e das perspectivas que se desenham para o futuro próximo, limitando-se a deixar uma garantia. “Tivemos um período de oito anos de grande trabalho de recuperação, mas não posso adiantar nada quanto às nossas perspectivas, dado isso poder condicionar a própria atleta. No entanto, é claro que não teríamos tomado a decisão do regresso ao triatlo sem fundamentos positivos, como é óbvio”, aponta, de forma lacónica.

Já Sérgio Santos, o treinador de Vanessa no seu período de maior projecção, mostra-se optimista, mesmo mantendo a tónica do realismo. “Conheço bem a Vanessa, que é uma pessoa excepcional do ponto de vista humano e desportivo. Ela pode fazer valer agora a sua grande experiência passada e o triatlo não mudou muito desde os tempos em que ela lá andava. Em matéria de corrida, o que foi fazendo no atletismo nas provas longas, e até na meia-maratona e maratona, mostra que na corrida não perdeu nada em relação aos seus melhores tempos. Talvez na natação e no ciclismo esteja um pouco menos forte do que então, mas será, na mesma, decerto competitiva”, antevê.

No que diz respeito à idade, e na perspectiva dos próximos grandes certames - em especial os Jogos Olímpicos -, Sérgio Santos não tem dúvidas. “Aos 31 anos, a Vanessa está longe de ser velha para o triatlo. É possível que ela, como outras triatletas têm demonstrado, possa estar no pleno das suas capacidades até aos 37 ou 38 anos, pelo que o objectivo olímpico de 2020, se for equacionado, e mesmo quatro anos mais tarde, pode ser realístico", avalia, abordando também a possibilidade de a vice-campeã olímpica "entrar também nas vertentes mais longas do triatlo, para além do formato olímpico, onde pode fazer valer o que tem de treino acumulado ao longo dos anos".

E o timing escolhido para o regresso, será o ideal para preparar um "assalto" às Olimpíadas do Japão? "Creio que uma hipotética falta de tempo para regressar ao alto nível não será um problema para a Vanessa. Ela não estará pressionada, até aos próximos Jogos terá espaço suficiente para ir regressando pausadamente”, considera.

Quanto à questão anímica, Santos também não encontra óbices. “Se ela tiver paciência, for reaprendendo lentamente as rotinas do trialto de competição e for aceitando as dificuldades iniciais como lógicas neste seu regresso, não terá problemas de falta de motivação ou de desencorajamento perante eventuais resultados menos bons. Irá, decerto, fazer uma análise de cada momento competitivo, limando arestas e, se tudo correr como se pode esperar, não será também pelo lado anímico que as coisas deixarão de entrar no bom caminho”.

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