Angola diz que acusação a vice-presidente pode “perturbar relações” com Portugal

Notícia das acusações já levou a cancelar visita da ministra da Justiça portuguesa a Luanda.

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Manuel Vicente, vice-presidente angolano, é acusado de corrupção Reuters

O Governo angolano descreve como “inamistosa e desproporcionada” a forma como o Ministério Público português divulgou as acusações contra o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, suspeito de ter dado 760 mil euros ao procurador Orlando Figueira para este encerrar investigações que o visavam por branqueamento de capitais.

Para Luanda, o modo como a notícia foi divulgada, é “um sério ataque à República de Angola, susceptível de perturbar as relações existentes entre os dois estados”. “Não deixa de ser evidente que, sempre que estas relações estabilizam e alcançam novos patamares, se criam pseudo factos prejudiciais aos verdadeiros interesses dos dois países, atingindo a soberania de Angola ou altas entidades do país por calúnia ou difamação”, lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros angolano, distribuído aos jornalistas esta sexta-feira.

O Ministério Público divulgou no dia 16 de Fevereiro que Manuel Vicente, foi presidente da Sonangol entre 1999 e 2012 (período dos factos investigados), foi acusado de um crime de corrupção activa, outro de branqueamento de capitais e um terceiro de falsificação de documentos. A acusação foi entretanto comunicada a Manuel Vicente e ao Governo de Luanda.

Já esta semana, o Ministério da Justiça português anulou a visita a Angola da ministra Francisca Van Dunem, que deveria ter começado na quarta-feira. O cancelamento foi decidido “a pedido das autoridades angolanas, aguardando-se o reagendamento” da viagem, fez saber o Ministério.

Depois de Van Dunem, é o próprio primeiro-ministro, António Costa, que tem na agenda uma visita a Angola. A visita que o Governo de Lisboa está a preparar desde 2016 está prevista para a Primavera.

Até ser conhecido que Manuel Vicente era suspeito de ter corrompido o magistrado português, em Março do ano passado, o actual vice-presidente era apontado como possível sucessor de José Eduardo dos Santos, que já disse que não se recandidatará à Presidência. Em Agosto, o actual ministro da Defesa, João Lourenço, foi escolhido para “número dois” do MPLA, o partido no poder. Em Dezembro, foi confirmado que será ele e não Vicente a suceder a José Eduardo dos Santos, que deverá abandonar a Presidência durante este ano.

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