Hospital da Ordem do Carmo dá lugar a um hotel de cinco estrelas no Porto

Grupo Nelson Quintas vai investir 25 milhões de euros no negócio.

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Paulo Pimenta

O edifício da Ordem do Carmo onde funcionava o hospital desta entidade foi comprado pelo grupo Nelson Quintas e vai ser transformado num hotel de cinco estrelas. A informação foi confirmada ao PÚBLICO pelo presidente do grupo Nelson Quintas, Jorge Quintas, que irá investir no projecto 25 milhões de euros. O futuro hotel poderá ter a chancela Hilton ou Vincci.

Há muito que a Ordem do Carmo se debatia com diversos problemas de ordem financeira, agudizados por uma dívida à Segurança Social, que tinha penhorado o património imobiliário da organização. Agora, o negócio com o grupo Nelson Quintas significa o encerramento definitivo do hospital, mas não do lar de terceira idade, que vai continuar a funcionar. Ao que foi possível apurar, a zona residencial irá ser aumentada no âmbito de um plano de remodelação do espaço. O PÚBLICO tentou confirmar esta informação junto do provedor, Rui Barbosa, que se mostrou indisponível para prestar declarações.

A nova unidade hoteleira com que o grupo Quintas pretende aumentar a sua oferta no Porto – já detém um hotel em Massarelos, com a marca Vincci, no antigo edifício da Bolsa do Pescado – nasce, segundo Jorge Quintas, da vontade do grupo em ter “um espaço de qualidade” no centro da cidade. O hotel de luxo, maioritariamente voltado para a zona do Carmo, terá 227 quartos e irá ocupar uma área de 13 mil metros quadrados. O nome também já está escolhido: Palácio do Carmo.

Jorge Quintas estima que, depois das necessárias licenças – o espaço está integrado na zona especial de protecção das igrejas do Carmo e das Carmelitas, classificadas como monumento nacional – o prazo de construção rondará os dois anos. O empreendimento deverá contar também com um centro de congressos, voltado para a Travessa do Carregal, mas cujo projecto não está ainda fechado.

O grupo ainda está a negociar a insígnia que o hotel irá ter no futuro, mas tanto os grupos Hilton como Vincci estão interessados no projecto e são, por enquanto, os melhores posicionados para virem a possuir um hotel no centro histórico da cidade.

O provedor Rui Barbosa e o empresário Jorge Quintas estiveram ontem reunidos durante a tarde nas instalações da Ordem.

O empresário Alberto Baldaque, que até Setembro do ano passado integrava a Mesa Administrativa da Ordem do Carmo, garantiu ao PÚBLICO que a instituição já saldou as dívidas que tinha para com a Segurança Social e Autoridade Tributária. “A Ordem do Carmo não tem dívidas fiscais, nem dívidas parafiscais”, reforçou Alberto Baldaque, assegurando que as mesmas foram pagas em Novembro passado. Esclareceu que o pagamento das dívidas aconteceu independentemente do negócio com o grupo Quintas.

O edifício da Ordem do Carmo está classificado como equipamento no Plano Director Municipal o que significa que para dar novo uso àquele espaço é necessário proceder-se a uma revisão do PDM. O PÚBLICO sabe que o promotor já deu início ao processo com vista à alteração do plano director, encontrando-se em contacto com a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte porque uma alteração do PDM implica sempre consulta àquela entidade.

Resta saber se a alteração será pontual ou mais alargada. Seja como for, os prazos e os procedimentos são idênticos aos de uma alteração global e vão ser necessários alguns meses para que o processo fique concluído.

Para além do parecer da comissão de coordenação, também a Direcção-Geral do Património Cultural vai ter de se pronunciar dado que o espaço a intervencionar está integrado na zona especial de protecção das igrejas do Carmo e dos Carmelitas.

O vereador do Urbanismo, Manuel Correia Fernandes, afirmou que nenhum projecto relativo ao novo hotel deu entrada na Câmara do Porto, mas adiantou que o promotor está a solicitar a alteração do PDM. O Plano Director Municipal do Porto encontra-se em sede de revisão, cujo prazo termina no dia 25 de Março de 2018.

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