Instituto alemão DIW diz que austeridade amplificou crise em Portugal

Economistas defendem que efeito positivo das reformas estruturais aplicadas foi em parte anulado por um excesso de cortes orçamentais. A austeridade, dizem, devia ter sido “bastante modesta".

Foto
Troika esteve em Portugal entre 2011 e 2014 PAULO PIMENTA

Um dos principais institutos de investigação económica alemães lançou esta quarta-feira fortes críticas ao que diz ter sido a aplicação excessiva de austeridade em países como Portugal, Espanha e Itália. Em vez de ajudar a resolver a crise, acabou por neutralizar os efeitos positivos das reformas estruturais.

Num relatório publicado esta quarta-feira, dois economistas do instituto DIW Berlin analisam a condução da política económica durante o período de 2010 a 2014 em três países da denominada Europa periférica: Portugal, Espanha e Itália. Durante esse período, esses três países estiveram especialmente pressionados por uma forte dificuldade de acesso aos mercados financeiros e pela recomendação por parte das autoridades europeias para a aplicação de medidas de consolidação orçamental e para a aplicação de reformas estruturais. No caso de Portugal, entre 2011 e 2014, o país esteve sujeito a um programa da troika.

O relatório conclui que “ao contrário daquilo que é a opinião pública dominante, o fracasso das consolidações orçamentais da redução do rácio da dívida pública no PIB em Espanha, Itália e Portugal entre 2010 e 2014 não é o resultado de reformas estruturais inadequadas”. Pelo contrário, secorrendo-se de diversos indicadores, os autores  concluem que “os três países claramente fizeram um esforço para criar um clima de negócios mais competitivo”.

Então, porque é que não se notaram os resultados? O relatório responde que o problema esteve no facto de “as medidas de austeridade adoptadas" que "neutralizaram alguns dos efeitos das reformas”, porque tiveram “consequências económicas negativas”, “amplificando a crise em Espanha, Portugal e Itália”.

Os autores reconhecem que, a partir de 2010, dar um sinal aos mercados de que a despesa iria aumentar poderia ter sido “fatal”. Mas defendem que a melhor combinação de políticas teria sido a aplicação de reformas estruturais, em simultâneo com uma “consolidação orçamental bastante modesta”. Além disso, uma aposta no investimento em detrimento de outro tipo de despesas também teria sido recomendável, diz o relatório.

Sugerir correcção
Ler 31 comentários