"Sobre as acções do Presidente só posso dizer uma coisa: uau!"

O Presidente está a fazer o que prometeu, e os que o elegeram estão satisfeitos.

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Detroit, uma das cidades da "rust belt" Eric Thaye/Reuters

Foi um mês controverso, o primeiro de Donald Trump na Casa Branca. Quis proibir a imigração de sete países muçulmanos, anunciou impostos para empresas que levem fábricas para fora dos EUA, disse que vai acabar com o Obamacare, começou a governar à margem das normas do establishment, o que motivou manifestações e protestos por todo o país. Porém, para a sua base eleitoral — 47% dos que votaram nas presidenciais deram-lhe o seu voto —, Trump está apenas a cumprir o que prometeu. Está a fazer com que a América seja "grande outra vez" — e isso é bom.

"Sobre as acções do Presidente nas últimas semanas, só posso dizer uma coisa: uau! Apesar de já estar à espera de que ele não se comportasse como um político, nunca imaginei que iria mergulhar nas coisas tão depressa", disse à Al-Jazira Robert Berry, um ex-marine de 40, que ainda usa o boné vermelho da campanha Trump com a frase "Make America Great Again".

Berry vive em Owensboro, no estado do Kentucky, onde 63% dos votos foram para Donald Trump. "[Votar em Trump] foi a minha maneira de dar um tiro de aviso no establishment — sabia que ele iria ter votos suficientes para assustar algumas pessoas. Claro que me preocupa que ele leve tudo à frente no seu caminho, mas foi por isso que o apoiei, sabia que ele ia torcer alguns braços lá em Washington", diz o ex-marine, que garante que, a partir de agora, "a política na América nunca mais será igual".

O jornal Le Monde foi a Lovettsville, na Virgínia, e falou com Luke Busch, outro apoiante de Trump, que vende armas e munições e tem 29 anos. "Ele está a fazer exactamente o que disse que faria", disse, satisfeito.

"Até agora, os políticos falavam, falavam, mas as coisas aconteciam muito lentamente. Com Trump, temos um Presidente homem de negócios que vai reestruturar o país como se fosse reestruturar uma empresa falida", disse Angela Miele, eleitora em Nova Jérsia mas apanhada pelo Monde no Kentucky. "Estou favoravelmente impressionada." Jeff Klusmeier, vendedor de seguros de 48 anos, votou em Trump para a América recuperar empregos. Está convencido de que quando "desregulamentar a economia", como prometeu, o Presidente fará renascer neste estado a defunta indústria do carvão — e com ela irão regressar os empregos que desapareceram quando "começou a guerra contra o carvão".

Até o refugiado cambojano Sovanna Chhan, de 59 anos, naturalizado americano, votou em Trump no Kentucky, apesar da oposição de toda a família: "Sou cristão. Na América amamos toda a gente, muçulmanos, budistas, hindus. Penso que a proibição à imigração não é uma coisa má de todo. A segurança é mais importante."

Em Dearborn, no Michigan — na "cintura de ferrugem" (rust belt), a região que vai dos Grandes Lagos ao Midwest e que entrou em declínio económico e populacional devido à morte do outrora poderoso sector industrial —, onde os descendentes de árabes são cerca de metade da população (e destes, metade tem laços com oLíbano), o Financial Times ouviu Paul Sophiea, um libanês-americano de 58 anos. Também aprovou o decreto da imigração, só diz que o processo foi mal gerido. "Os árabes-americanos não são um bloco monolítico, mas temos uma coisa em comum, está-nos nos genes: somos todos gente de negócios", diz.

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