Lesados do Banif recolhem queixas para provar venda abusiva

Haverá encontros por todo o país para recolher reclamações a entregar à CMVM. Objectivo é provar que a venda de obrigações subordinadas foi uma operação de "misseling" (venda abusiva).

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Reuters/RAFAEL MARCHANTE

A Associação de Defesa dos Lesados do Banif (Alboa) promove esta semana uma ronda de encontros em Lisboa, Porto e Aveiro, para reunir reclamações dos clientes que contrataram obrigações subordinadas do banco, para as entregar na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O objectivo, explicou ao PÚBLICO fonte da Alboa, é reunir cerca de mil reclamações, de forma a “consubstanciar” a argumentação de que a venda de produtos financeiros que o banco, intervencionado pelo Estado em Dezembro de 2015, promoveu  foi uma operação de misseling (venda abusiva). O primeiro encontro deste género, que é aberto a todos os lesados, sejam ou não associados da Alboa, decorreu no passado fim-de-semana em Ponta Delgada, Açores, e saldou-se por 400 novas reclamações.

“Contamos recolher cerca de mil reclamações para fazer o processo e depois entregar à CMVM”, disse este sábado, no Funchal, o presidente da Alboa, Jacinto Silva, no final de um encontro com lesados.

As reuniões prosseguem hoje em Lisboa (Hotel Ibis na Av. José Malhoa, entre as 19h30 e as 22h) e em Aveiro (Junta de Freguesia de Salreu, Estarreja, a partir das 19h), e continuam no dia seguinte no Porto (Hotel Ibis Gaia, entre as 19h e as 21h30). Nos encontros, os dirigentes da Alboa pedem aos lesados uma descrição detalhada da forma como os produtos financeiros foram apresentados e vendidos, bem como a argumentação utilizada pelos funcionários do ex-Banif. Depois de fechada a ronda pelo país, a associação pretende promover encontros na diáspora, começando pela Venezuela, ainda este mês, seguindo-se Estados Unidos e África do Sul, países onde, à boleia de uma forte comunidade de emigrantes nacionais, o Banif tinha forte implantação.

O objectivo da Alboa, explicou recentemente ao PÚBLICO Jacinto Silva, é provar que, tal como no caso do BES, a venda destes produtos financeiros consubstanciou uma operação de misseling (venda abusiva). “Quando a operação de subscrição de obrigações subordinadas aconteceu, o Banif era praticamente um banco público, e um dos argumentos utilizados era precisamente esse: a segurança do Estado”, disse Jacinto Silva no arranque destes encontros. “Venderam aqueles produtos, como se fossem um depósito a prazo”, acrescentou.

Os lesados do Banif, nas contas da Alboa, rondam as 3500 pessoas, que em conjunto apresentam um volume de perdas que ultrapassa os 265 milhões de euros.

marcio.berenguer@publico.pt

 

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