Adeptos britânicos no Mundial 2018? "Alguém vai tentar fazer alguma coisa"

Os avisos dos hooligans chegam oito meses depois dos confrontos, em Marselha, no Euro 2016, em que estiverem envolvidos ingleses e russos.

Foto
Momentos antes do Inglaterra-Rússia, no Euro 2016, adeptos ingleses e russos envolveram-se em confrontos. Reuters/JEAN-PAUL PELISSIER

Os adeptos britânicos que viajarem para a Rússia para verem a sua selecção jogar no Mundial 2018 correm riscos de serem alvos de ataques por parte de grupos de hooligans russos. O aviso é feito num documentário que se chama “Russia’s Hooligan Army” (O Exército de Hooligans da Rússia) e que vai ser transmitido esta quinta-feira à noite na BBC 2.

O documentário segue o jornalista Alex Stockley von Statzer na sua viagem à Rússia para testemunhar a cultura futebolística do país. Statzer falou com elementos de grupos como os Spartak Gladiators, afectos ao Spartak Moscovo, e os Orel Butchers, afectos ao FC Orel, da III Divisão do futebol russo.

Quando foi questionado por Statzer sobre se os adeptos britânicos terão algo por que temer, Denis, líder dos Butchers, soltou uma gargalhada e disse: “Eu não sei. Eles podem vir cá e depois veremos”. Com a cara tapada por uma máscara, afirmou ainda que “alguém vai obviamente tentar fazer alguma coisa. Isso é 100% garantido”.

Para escaparem dos ataques, os britânicos devem ter à sua beira “família e crianças”, disse Denis, mas se forem acompanhados de um “amigo masculino”, é muito provável que sejam atacados.

No documentário, que mostra imagens de jovens a prepararem-se fisicamente para o Mundial, uma testemunha disse que “toda a gente está à espera do Campeonato do Mundo. Para alguns vai ser um festival de futebol, para outros vai ser um festival de violência”.

No Europeu de 2016 em França, horas antes do início do jogo Inglaterra-Rússia, adeptos ingleses e russos envolveram-se em confrontos no centro de Marselha. Cadeiras voaram, mesas das esplanadas foram atiradas, tal como garrafas de vidro, num confronto que resultou em ferimentos em mais de 100 ingleses. Segundo o The Guardian, altos funcionários do Governo britânico chegaram a temer que os ataques fossem autorizados pelo Kremlin.

Essa posição é a mesma defendida por “Vasily, the Killer", um hooligan que alegadamente foi o cérebro dos ataques, como diz o The Telegraph. Vasily, que também aparece no documentário da BBC2, afirmou que os hooligans em Marselha “foram uma força especial de hooligans de futebol enviadas por Vladimir Vladimirovitch Putin para conquistar a Europa”.

Gianni Infantino, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), não está preocupado com os possíveis ataques de hooligans no Mundial da Rússia. "Não estou preocupado com problemas em 2018, tenho total confiança nas autoridades da Rússia", disse Infantino, citado pela Lusa.

O presidente da FIFA referiu que os organizadores do próximo Mundial estão em conversas com a “FIFA e com os organizadores franceses [do Europeu 2016] para aprenderem as lições de França”. Infantino disse também que o governo russo pôs em prática “um sistema de identificação que vai ajudar quando for para lidar com um potencial problema”.

Sugerir correcção
Comentar