Meio-irmão de Kim Jong-un morreu na Malásia, provavelmente assassinado

Num aeroporto de Kuala Lumpur, Kim Jong-nam sentiu-se mal e morreu pouco depois. Não se sabe ainda a causa da sua morte, mas suspeita-se de envenenamento.

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Kim Jong-nam viveu grande parte da sua vida em Macau Reuters/Arquivo
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Kim Jong-un Reuters/KCNA

Kim Jong-nam, de 46 anos, meio-irmão do líder da Coreia do Norte, foi atacado num aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, e morreu no caminho para o hospital, afirmou um elemento do Governo malaio.

Tanto quanto se sabe, Kim Jong-nam terá sido borrifado com um spray  ou então espetado com seringas tóxicas na zona das lojas do aeroporto e pediu ajuda num balcão de informações, segundo a Associated Press. Foi levado para a clínica do aeroporto e foi depois transportado para o hospital. Morreu em trânsito.

A polícia da Malásia também já confirmou a morte de Kim Jong-nam, embora afirme que a causa da morte está ainda por apurar. Foi pedida autorização para fazer uma autópsia ao corpo.

Kim Jong-nam, o meio-irmão mais velho de Kim Jong-un, vivia regularmente fora da Coreia do Norte. Estava em Kuala Lumpur à espera de um voo para Macau, onde viveu grande parte da sua vida. Singapura e Malásia eram outros países onde passava grande parte do seu tempo.

Citando fontes sul-coreanas não identificadas, a televisão sul-coreana TV Chosun avança que Kim foi envenenado no aeroporto por duas mulheres. Mas este pormenor não foi confirmado por mais nenhuma fonte.

Jong-nam era filho de Kim Jong-il e da actriz Song Hye-rim, e não conhecia o seu meio irmão. Terá sido sempre mais próximo do tio, Jang Song-thaek, executado em 2013 por ordem de Kim Jong-un, acusado de traição.

Chegou a ser dado como o provável sucessor do seu pai, Kim Jong-il, mas a utilização de um passaporte falso para entrar no Japão em 2001 terá sido uma das razões para ter sido afastado. Ele alegou que a sua intenção era visitar a Disneylândia de Tóquio. A sucessão ficou assim clara e o caminho aberto para Kim Jong-un, que chegou ao poder no final de 2011, após a morte do pai.

Kim Jong-nam já tinha sido alvo de uma tentativa de homicídio. Em 2012, a Coreia do Sul deteve um agente dos serviços secretos norte-coreanos que estaria a planear um atropelamento de Kim.

Também nesse ano, foi citado pela imprensa japonesa com tendo dito que era contra "a sucessão dinástica" na Coreia Norte, diz a BBC. O livro de um jornalista japonês, Yoji Gomi (do diário Tokyo Shimbun), que diz ter trocado emails com Kim Jong-nam, adiantava na altura que o mais velho da actual geração Kim acreditava que o seu meio-irmão mais novo, que veio a governar o país, não tinha qualidades de liderança, e que a sucessão não iria funcionar.

Numa das mensagens que o jornalista japonês diz ter trocado com ele, Kim Jong-nam dizia sobre o seu irmão mais novo: “Jong-un é só ligeiramente parecido com o meu avô [o fundador do regime da Coreia do Norte, Kim Il-sung]. Estou preocupado, não sei como será capaz de satisfazer as necessidades dos norte-coreanos”, escreveu então o Guardian.

A Coreia do Norte, considerava Kim Jong-nam, é um país instável que necessita de reformas económicas do mesmo tipo das postas em prática na vizinha China, sob o mote “um país, dois sistemas”.

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