Canonização de Lúcia, Francisco e Jacinta "sem novidades" em 2017

Reitor do Santuário de Fátima lembra que processo é "extenso, difícil e longo". Igreja está preocupada com especulação de preços na hotelaria a propósito da vinda do Papa, dias 12 e 13 de Maio.

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A equipa responsável pela preparação da visita do Papa Francisco mostrou-se ainda preocupada com a especulação de preços na hotelaria. Nelson Garrido

A Igreja Católica em Portugal não conta com quaisquer novidades para este ano relativamente ao processo de beatificação de Lúcia nem quanto à canonização dos beatos Jacinta e Francisco Marto. “O processo em ordem à beatificação e canonização da irmã Lúcia está a chegar ao fim da fase diocesana, cuja conclusão é na próxima segunda-feira, após o que o processo prossegue para Roma. Mas é um processo extenso, difícil e longo; portanto, não é expectável que, ao longo deste ano haja qualquer novidade em relação ao processo da irmã Lúcia”, afirmou o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas.

Numa conferência de imprensa, esta sexta-feira de manhã, relativa à visita do Papa Francisco a Portugal, nos dias 12 e 13 de Maio, Carlos Cabecinhas acrescentou que, quanto à canonização de Francisco e Jacinta Marto, “há ainda várias fases para ultrapassar”.

"Não temos qualquer indicação que nos diga que é provável ou expectável que haja novidades ao longo deste ano”, acrescentou, refreando assim as expectativas, alimentadas nos últimos dias, que apontavam a possibilidade de o Papa Francisco anunciar decisões neste processo, aquando da sua passagem por Fátima.

Vários órgãos de comunicação social referiram-se esta semana ao facto de o milagre que permitirá a canonização de Francisco e Jacinta Marto ter sido já aprovado por Roma, tendo-se então especulado que o Papa Francisco poderia, aproveitando o centenário das aparições em Fátima, fazer o anúncio oficial da sua canonização. A proclamação da beatificação dos pastorinhos, recorde-se, foi feita por João Paulo II a 13 de Maio de 2000, em Fátima.

Quanto à irmã Lúcia, a cerimónia que põe fim ao encerramento da fase diocesana do processo de beatificação está marcada para segunda-feira, em Coimbra, de onde sairá um dossier com cerca de 13 mil páginas rumo ao Vaticano. Do lado português a instrução do processo, que agora passa para a competência directa da Santa Sé e do Papa, começou em 2008, três anos após a sua morte, depois de o Papa Bento XVI ter concedido uma dispensa em relação ao período de espera estipulado pelo Direito Canónico (cinco anos). E implicou a audição de 61 testemunhas. Feito isto, os supostos milagres de Lúcia serão agora escrutinados pelos peritos da Congregação das Causas dos Santos.

A irmã Lúcia de Jesus viveu 57 anos de vida carmelita e encontra-se sepultada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Fátima, desde 2006.

"Especulação excessiva" condenada 

Na conferência de imprensa, a equipa responsável pela preparação da visita do Papa Francisco mostrou-se ainda preocupada com a especulação de preços na hotelaria. “A nossa opção foi por não actualizar sequer os preços dos alojamentos nos nossos espaços”, enfatizou Cabecinhas, condenado as situações “que podem incorrer numa especulação excessiva”. Já antes, em declarações à Renascença, o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, apelara aos hoteleiros para que sejam honestos relativamente aos preços. “Apelo a cuidarem mais e melhor desse acolhimento e, de uma maneira particular, a que não haja exploração dos peregrinos. Não gostava que Fátima tivesse esta mancha”, disse, referindo-se às notícias que davam conta de quartos alugados a mais de mil euros por noite.

A Renascença avançou também esta manhã que o Papa vai aterrar na base aérea de Monte Real, às 16h00 do dia 12 de Maio, onde será recebido por altas individualidades do Estado. A chegada ao Santuário de Fátima está prevista para as 18h00, sendo que o acesso ao Santuário deverá ser feito de “papamóvel”. O Papa deverá ir directo para a capelinha das aparições e depois recolhe à casa de Nossa Senhora do Carmo, para, à noite, participar no terço e na procissão das velas. Já no dia 13, o ponto alto é a missa. Depois do almoço com os bispos portugueses, Francisco regressa à base para iniciar a viagem de regresso a Roma.

Ao contrário do que aconteceu em 2010, a visita do Papa restringir-se-á a Fátima e não está prevista qualquer cerimónia com representantes do Estado português. Mas tal, longe de traduzir qualquer crispação entre a Santa Sé o Estado Português, inscreve-se no pedido expresso de Francisco que aceitou vir a Fátima “na qualidade de peregrino” que vem “rezar com os portugueses”. 

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