Em Felgueiras todos concorrem contra Inácio Ribeiro

Presidente da câmara está debaixo de fogo e críticos estão a organizar-se para apresentar uma candidatura abrangente que seja alternativa à actual gestão.

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Inácio Ribeiro foi uma das surpresas das autárquicas de 2009 NFACTOS / PEDRO TAVARES

Em Felgueiras está a nascer uma candidatura improvável que envolve figuras do PSD, do PS, do CDS e também personalidades independentes do concelho. Algumas das figuras do PSD que estão na base desta plataforma alargada foram cruciais para a primeira eleição de Inácio Ribeiro, actual presidente da Câmara de Felgueiras, que, em 2009, se candidatou com o apoio dos sociais-democratas e dos democratas-cristãos.

Há dois mandatos na presidência da câmara, Inácio Ribeiro, líder da concelhia e vice-presidente da distrital do PSD-Porto, está debaixo de uma tempestade de críticas, que há muito se ouvem e que vêm de todos os lados: do PSD ao CDS, passando pelo PS.

O antigo deputado municipal e ex-vereador do executivo no primeiro mandato de Inácio Ribeiro, Eduardo Teixeira, denuncia “o péssimo trabalho que a câmara tem feito” nestes quase oito anos, fala de uma “enorme decepção política”. Não hesita em dizer que o “concelho não aguenta mais quatro anos de inércia, de falta de investimentos e de amorfismo”.

O “enorme descontentamento que existe em relação à actual equipa autárquica e ao rumo do partido” levou-o a distanciar-se há cerca de um ano e meio de Inácio Ribeiro, com quem tem, aliás, “divergências profundas”. De resto, foram essas divergências, que o levaram a pedir a demissão, há duas semanas, da vice-presidência da concelhia, e outras se seguiram. Graça Meireles, destacada militante do PSD da Lixa, renunciou ao mandato de deputada municipal e demitiu-se também da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e do secretariado das Mulheres Sociais-Democratas de Felgueiras. Manuel Pires, um dinamizador das campanhas autárquicas de Inácio Ribeiro, pediu na semana passada a sua demissão da concelhia do PSD.

Afirmando não estar “incompatibilizado nem zangado com o PSD”, Eduardo Teixeira assume que a sua divergência é com a liderança de Inácio Ribeiro. “Não apoio politicamente Inácio Ribeiro como líder do PSD em Felgueiras nem como presidente da câmara”, diz, revelando que assumirá todas as consequências nos órgãos próprios do partido onde pretende explicar as razões pelas quais se demitiu. “Mais importante que os partidos é Felgueiras”, decreta o presidente do Futebol Clube de Felgueiras.

Se Inácio Ribeiro for candidato à câmara, o ex-vice-presidente da concelhia declara que, “em nome” da sua consciência, "é obrigatório criar uma alternativa forte, um projecto novo para o concelho que vai juntar militantes de referência do PSD, do CDS, do PS e independentes”.

A líder da concelhia democrata-cristã de Felgueiras, Carla Carvalho, diz que “ainda é cedo” para falar sobre uma candidatura alargada, mas afirma de forma peremptória que o “CDS estará activo e empenhado onde estiverem pessoas trabalhadoras e capazes”. Crítica da actual gestão autárquica, Carla Carvalho aponta-lhe uma “total ausência de estratégia e de planeamento” e revela por que o seu partido já não apoiou Inácio Ribeiro em 2013, ao contrário do que aconteceu em 2009. “A forma de gestão não se coadunava com a nossa que se centra na política de proximidade”.

Quanto ao PS, o líder concelhio e vereador na câmara, Eduardo Bragança, afasta qualquer participação numa plataforma alargada, até porque o partido vai ter uma candidatura própria, embora ainda não saiba se o cabeça de lista será do partido ou um independente.

Já Fátima Machado, deputada municipal, eleita nas listas do PS, diz que “faz todo o sentido” haver uma plataforma alargada, que seja numa alternativa capaz de promover a mudança em Felgueiras nas próximas autárquicas. “Tenho contactado com ex-dirigentes do PS e com alguns antigos presidentes de junta e estamos todos mobilizados [para o combate das autárquicas], porque acima dos partidos está Felgueiras. O concelho está parado há anos, não há desenvolvimento económico, não há investimento. É urgente arranjar uma alternativa”, defende a deputada municipal.

O PÚBLICO contactou o presidente da Câmara de Felgueiras que se mostrou indisponível para falar em tempo útil.

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