Onda de críticas a conselheira de Trump que publicitou produtos de Ivanka

Várias personalidades e organizações defendem que Kellyanne Conway violou a lei de ética norte-americana ao afirmar: "Vão comprar as coisas da Ivanka".

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Kellyanne Conway Reuters/JOSHUA ROBERTS

Kellyanne Conway, uma das conselheiras mais próximas do Presidente Donald Trump, está a ser alvo de uma onda de críticas, depois de ter recomendado, numa entrevista à Fox News, a compra de produtos de Ivanka Trump.

Tudo começou quando a retalhista Nordstrom decidiu retirar a linha de roupa detida pela filha do Presidente americano, levando Donald Trump ao Twitter para criticar a loja: “A minha filha Ivanka está a ser tratada de maneira tão injusta pela Nordstrom. Ela é uma grande pessoa – sempre a levar-me a fazer as coisas certas”.

Questionado sobre o assunto durante a comunicação diária aos jornalistas, o secretário para imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, afirmou que a decisão da empresa foi “um ataque directo” a Ivanka Trump, cita a Reuters. Spicer referiu ainda que o “Presidente tem todo o direito como pai” de defender a filha. No entanto, a afirmação de Trump levantou uma série de críticas por parte dos democratas, com alguns a defenderem que o assunto deveria ser considerado pelo comité de ética dos EUA, pelos possíveis conflitos de interesses que podem surgir entre o Presidente e os negócios de família.

Depois foi a vez de Conway de ir mais além: “Vão comprar as coisas da Ivanka, era o que eu vos diria”.

Mais uma vez, mas agora com maior intensidade, as críticas fizeram-se ouvir, com vários especialistas a argumentarem que a conselheira presidencial violou a lei de ética do Governo.

A Casa Branca já reagiu ao assunto, explicando que Conway foi “aconselhada nessa matéria”, cita a CNN. Nada mais se disse.

Num programa da Fox News coube a Conway defender Ivanka enquanto uma “empresária de muito sucesso”, considerando-a igualmente uma “campeã da emancipação da mulher".

“É uma linha maravilhosa. Eu tenho algumas peças. Vou fazer publicidade grátis aqui: Vão comprá-la hoje, toda a gente. Podem encontrá-la online”, afirmou a conselheira de Trump, defendendo a linha de produtos de Ivanka.

A CNN lembra a lei federal que prevê que os funcionários públicos não devem utilizar as suas posições para o “apoio a qualquer produto, serviço ou empresa, ou para o lucro privado de amigos, parentes ou pessoas com quem o funcionário está afiliado na capacidade não-governamental”.

Foram várias as organizações de ética e jurídicas que admitem que Conway quebrou mesmo a lei. Alguns membros do Partido Democrata preparam já exposições ao comité de ética do Governo sobre o tema. Até alguns republicanos receiam também problemas legais com este caso.

Esta não é a primeira polémica em que Kellyanne Conway se vê envolvida. A propósito da polémica sobre quantas pessoas assistiram à tomada de posse de novo Presidente, a conselheira afirmou que a nova administração estava na posse de "factos alternativos". Mais tarde, mencionou, numa entrevista, um massacre perpetrado por dois cidadãos iraquianos na cidade de Bowling Green, no estado de Kentucky, para justificar a decisão do Presidente de proibir a entrada nos Estados Unidos de cidadãos provenientes de sete países maioritariamente muçulmanos. Só que o “massacre de Bowling Green” nunca existiu, e Conway foi profusamente criticada e ridicularizada nos media.

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