Número de mortes por overdose estabilizou-se: 40 em 2015 contra as 37 de 2014

Apesar de subirem ligeiramente pelo segundo ano consecutivo, números continuam muito aquém das 94 mortes registadas em 2008.

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DANIEL ROCHA

O aumento é muito pouco expressivo, mas destaca-se ainda assim: 2015 ficou marcado pelas 40 mortes por overdose, contra as 37 de 2014 e as 28 registadas em 2013. “É o segundo ano consecutivo em que se regista um aumento no número de overdoses, apesar de os valores dos últimos anos se manterem aquém dos registados entre 2008 e 2010”, lê-se no documento apresentado ontem pelo SICAD. Em 2008, recorde-se, houve 94 mortes por overdose.

Nas mortes directamente imputáveis a um consumo excessivo de droga, os opiáceos destacavam-se em 53% dos casos, seguindo-se a cannabis (30%), a cocaína (28%) e a metadona (25%). Na grande maioria destas overdoses, foram detectadas várias misturas de substâncias, sobretudo entre benzodiazepinas e álcool e as drogas ilícitas.

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Mas as mortes cujas autópsias detectaram pelo menos uma substância ilícita foram em maior número: 268, sendo que em 141 dos casos foi possível obter informação sobre a causa de morte. Deste universo, e além das overdoses, as causas da morte foram atribuídas a acidentes (36%), a morte natural (33%), o suicídio (20%) e o homicídio (6%).

Preocupações dos psiquiatras

Convencido de que “a maior parte das overdoses é acidental”, João Curto, director da Comissão de Dissuasão de Coimbra, diz acreditar que estas situações decorrem “de misturas que inadvertidamente as pessoas fazem ou da incapacidade de avaliarem a dose que estão a consumir, sobretudo depois de um período de abstinência”. A preocupação maior do psiquiatra é que o aumento da prescrição de opiáceos para a dor conduza a um maior número de mortes. “Este receituário pode ir parar às mãos erradas e a maior facilidade de acesso a este tipo de produtos também pode levar a um aumento da dependência”, alerta.

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Tal como na maioria dos indicadores, os números relativos à infecção por VIH associada à toxicodependência apontam para uma diminuição dos casos, “reflectindo os resultados das políticas implementadas, designadamente na mudança de comportamentos no consumo de drogas, como é evidenciado pela diminuição do consumo injectado de drogas e da partilha de material deste tipo de consumo”, lê-se no relatório. Em números, dos 990 casos de infecção por VIH notificados em 2015, 44, ou seja, 5%, estavam associados à toxicodependência. E do total de 238 casos de Sida notificados no mesmo ano, 33 (14%), estavam associados ao consumo de substâncias ilícitas.

No cenário geral, e até 30 de Junho de 2016, o relatório apontava para um total de 54.297 casos de infecção por VIH, dos quais 18.905 se encaixavam na categoria de transmissão relacionada com a toxicodependência. Na mesma altura, registavam-se 21.177 diagnósticos de Sida, dos quais 9.249 atribuíveis à toxicodependência. Tanto num caso como no outro, a mortalidade observada nas categorias de transmissão associadas à toxicodependência continua a ser superior à verificada nas restantes causas de transmissão.

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