Camarões fizeram justiça ao nome “Leões Indomáveis” na final da CAN

Triunfo por 2-1 sobre o Egipto na final em Libreville. Golo de Vincent Aboubakar deu o quinto título de campeão africano,

Aboubakar saltou do banco e foi decisivo no título dos Camarões
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Aboubakar saltou do banco e foi decisivo no título dos Camarões Mike Hutchings/Reuters
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Não havia um Roger Milla, nem um Samuel Eto’o, provavelmente os dois melhores jogadores da história dos Camarões, na Taça das Nações Africanas (CAN) de 2017. Aliás ninguém dava esta versão dos “Leões Indomáveis” como um candidato muito credível ao título africano no Gabão. Contra todas as probabilidades e expectativas, os Camarões fizeram plena justiça ao nome pelo qual são conhecidos, ao triunfarem sobre o Egipto por 2-1 na final disputada neste domingo, em Libreville. Vincent Aboubakar, avançado emprestado pelo FC Porto aos turcos do Besiktas, foi o herói, ao marcar o golo que resultou no quinto triunfo dos camaroneses na competição continental, o primeiro desde 2002.

Com esta conquista, os Camarões passaram a ser o segundo país com mais títulos de campeão africano, apenas atrás dos sete conquistados pelo Egipto, que não conseguiu chegar ao oitavo neste seu regresso à competição continental depois de ter falhado as três edições anteriores — e que, nesta final, sofreu a sua primeira derrota em jogos da CAN desde 2004. Bem arrependidos devem estar jogadores como o central do Liverpool Joel Matip ou o avançado do Schalke 04 Choupo-Moting, dois dos oito futebolistas que se mostraram indisponíveis para a CAN. Mas o técnico belga Hugo Broos conseguiu formar uma equipa jovem, solidária, indomável e sem egos, e colheu os frutos na final, depois de uma campanha em crescendo.

Esta era a terceira vez que Egipto e Camarões se encontravam numa final da CAN. Nas duas anteriores, em 1986 e 2008, dois triunfos para os “Faraós” e, nesta final em Libreville, era a selecção orientada pelo argentino Héctor Cúper — sem poder contar com o lesionado Hassan, avançado do Sp. Braga — que se apresentava como favorita. Assentes num estilo pragmático, os egípcios chegaram cedo à vantagem, mas cederam à tentação de defender o resultado demasiado cedo. Tudo parecia correr bem à selecção norte-africana quando, aos 22’, Elneny, jogador do Arsenal, fez o 1-0, com um remate de ângulo difícil após excelente jogada de entendimento com Salah.

Só que os egípcios entraram em modo gestão de resultado e não contavam com a tremenda reacção dos Camarões na segunda parte. Broos lançou Aboubakar para ajudar à reviravolta e os camaroneses praticamente não saíram do meio-campo egípcio. N’Koulou, defesa experiente do Lyon, fez o empate aos 59’, expondo uma inesperada fragilidade defensiva dos egípcios, que não tinham resposta para a ofensiva camaronesa.

Numa altura em que já se pensava em prolongamento, sem que nenhuma das selecções arriscasse demasiado, surgiu um momento de magia de Aboubakar, que não é um avançado consensual, mas que teve em Libreville o seu “momento Éder”. Aos 88’, o avançado dos quadros do FC Porto recebeu uma bola longa à entrada da área, picou-a por cima de um defesa egípcio e, sem a deixar tocar no chão, rematou sem dar hipóteses ao super-veterano guarda-redes de 44 anos El-Hadary.

Aboubakar era o herói improvável para um triunfo improvável mas justo dos Camarões, selecção da qual se dizia ter a pior geração de sempre e com um treinador sem experiência internacional que respondeu a um anúncio de emprego que vira na Internet.

Esta performance fará com que, daqui a dois anos, os Camarões recebam a CAN como os campeões em título, sendo ainda potenciais adversários de Portugal na próxima edição da Taça das Confederações, que se realiza este ano, na Rússia.     

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