Sonangol mantém posição de peso no BCP

Petrolífera estatal angolana entrou no banco em 2007.

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Isabel dos Santos lidera agora a maior empresa estatal angolana REUTERS/Ed Cropley

A Sonangol deixou de ser o maior accionista do BCP mas assegura a segunda posição numa altura em que se defronta com sérias dificuldades financeiras. Já em 2014, quando o preço do barril estava mais favorável para a empresa, a petrolífera precisou de suprimentos do seu accionista, o Estado angolano, para conseguir acompanhar o aumento de capital que o BCP realizou nesse ano. Sem a injecção de capital Sonangol não teria conseguido, nessa altura, manter os 19,4% que lhe davam o estatuto de principal accionista, algo que custou 450 milhões de euros.

Pouco tempo depois desta estratégia, em 2015, Isabel dos Santos (empresária e filha do presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos) avançou com uma proposta para fundir o BCP com o BPI (do qual Isabel dos Santos é o segundo maior accionista) em reacção à primeira tentativa do Caixabank em controlar o BPI.

Hoje, com a OPA do Caixabank ao BPI a decorrer com sucesso, Isabel dos Santos ainda é o segundo maior accionista deste banco. Por outro lado, já controla, via Unitel, a instituição que o BPI detém em Angola, o BFA. E, acima de tudo, preside agora à Sonangol: e se esta consegue, no meio de todas as dificuldades, ter dinheiro para não diluir a posição no BCP é porque Isabel dos Santos assim o entende. O capital detido no banco português é o único investimento da petrolífera angolana neste sector além-fronteiras.  

A associação ao BCP revela ainda ligações a Carlos Silva, presidente do angolano banco Atlântico e que está presente na Interoceânico. Accionista do banco liderado por Nuno Amado (é vice-presidente do conselho de administração), Carlos Silva domina o Millennium Atlântico, que resultou da fusão entre o Atlântico e o Millennium Angola. Este foi, aliás, um dos resultados da entrada da Sonangol no BCP, em 2007, pela mão de Paulo Teixeira Pinto, e, depois, através da gestão de Filipe Pinhal, já no período pós-Jardim Gonçalves. No final de Junho desse ano, a posição da petrolífera era ainda bastante discreta: 2%.

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