Cartas ao director

Eutanásia, sim ou não?

Compreendo perfeitamente os católicos que repudiam as práticas do aborto e da eutanásia, o tema que está agora na ordem do dia. Para quem verdadeiramente acredita num Deus omnipresente, omnisciente e omnipotente, esse repúdio é uma prova de coerência que todos devemos respeitar.

Contudo, as sociedades não são constituídas apenas de cidadãos crentes, católicos ou de outras religiões. Ateus e agnósticos, numa sociedade livre e democrática, como aquela em que felizmente vivemos, têm os mesmíssimos direitos que os crentes católicos, protestantes, muçulmanos ou judeus!

Respeito religiosamente os direitos dos crentes! Exijo que os crentes respeitem democraticamente os meus. Enquanto cidadão de um país livre, quero ter o direito de poder assinar um testamento vital que, numa situação de grande sofrimento que os médicos considerem irreversível, me alivie e liberte.

Não imponho nada a ninguém! Que ninguém me imponha limites ao direito de viver ou morrer com um mínimo de dignidade!

Hélder Pancada, Sobreda

 

Golpe de misericórdia

"Misericórdia" era o nome do punhal que os monges-cavaleiros traziam do lado direito da cintura para desferir o golpe final quer nos inimigos quer nos irmãos de armas agonizantes. O "golpe de misericórdia" era dado, no campo de batalha, preferencialmente pelo melhor amigo mas também pelo inimigo mais benevolente. "Misericórdia" vem do latim "miserere"(ter compaixão) e "cordis" (coração) e revela o sentimento de compaixão para com o lento e interminável processo da morte lenta e dolorosa .

Todos temos de morrer, mas a obstinação pela vida agonizante é desumana. A vida humana não é só um estado natural mas, principalmente, um estado psíquico, uma consciência. Somos mais Cultura do que Natureza por isso vamos conquistando a nossa liberdade. Agora controlamos o processo do nascimento e o processo da morte.

Artur Marques de Carvalho, Lisboa

 

As dívidas só contam para subir o défice?

Leio que o ministro das Finanças, Mário Centeno, esteve em Bruxelas negociando com a União Europeia (UE) para que esta aceitasse  que nas contas do défice fossem incluídos 200 milhões de euros recebidos pelo Estado Português no chamado "perdão fiscal" ( que o governo diz não ser mas sim um pagamento em parcelas) do fim do ano passado, o que  seria somente 1/10  - ou 1/5, tanto faz) do total. Entendo disto que UE quer que  não seja contado nenhum valor do recebido e assim subir o dito défice e talvez. colocar este acima dos "mágicos" 2,5%. Será?

Gostava de saber se nos anos em que não houve "perdão de dívida" fiscal, aquilo que o mesmo Estado não recebeu dos contribuintes foi contado como "recebido" assim diminuindo o mesmo valor estatístico nas contas públicas?

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

 

 

 

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