Catarina Martins alerta Governo: “O BE leva muito a sério o combate à precariedade”

Marcelo espera que relatório "seja um contributo para resolver uma situação que atinge muitos portugueses".

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Catarina Martins disse que o Estado "não pode dar o exemplo se ele próprio for empregador precário" Miguel Manso

Depois de, na quinta-feira ao final do dia, ter recebido pelas mãos do Governo o relatório sobre a precariedade no Estado, o Bloco de Esquerda veio novamente nesta sexta-feira lembrar o executivo socialista, com quem terão de chegar a acordo sobre vários pontos nesta matéria, que esta é uma causa antiga e prioritária para o partido. O aviso foi deixado pela coordenadora Catarina Martins: “o BE leva muito sério” este combate.

Numa altura em que cresce a contestação às políticas anti-imigração anunciadas pelo Presidente norte-americano, Catarina Martins foi, acompanhada de outros bloquistas, visitar a comunidade islâmica das Mercês, em Sintra. À margem da iniciativa e aos jornalistas, lembrou que o primeiro compromisso do Governo era apresentar o diagnóstico e que o segundo é o processo de vinculação dos trabalhadores precários no Estado.

“O BE leva muito a sério o combate à precariedade e, portanto, esperamos que a um levantamento que tem de ser o mais exaustivo possível se siga um processo de vinculação que seja o mais justo possível”, disse a coordenadora.

Será este diagnóstico, apresentado nesta sexta-feira pelo Governo, que permitirá avançar na discussão entre Governo, partidos à esquerda e sindicatos. Em cima da mesa estão várias questões como o número de precários que será abrangido pela medida, o modelo e os critérios de integração.

“Para o BE, a precariedade é uma prioridade. Achamos que o Estado tem obrigação de defender os direitos dos trabalhadores, tem de olhar para si próprio ao espelho, porque não pode dar o exemplo se ele próprio for empregador precário", disse ainda Catarina Martins, ao lado do deputado José Manuel Pureza. No sábado, a deputada estará numa sessão, no Teatro do Bolhão, no Porto, que contará com testemunhos de precários do Estado.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou sobre o tema. Citado pela agência Lusa, afirmou que vai aguardar pelo diploma sobre precariedade laboral no Estado que está em "negociação na área do Governo", esperando que "seja um contributo para resolver uma situação que atinge muitos portugueses".

"Vou esperar o diploma. Está em negociação na área do Governo, espero que me chegue às mãos no próximo mês, mês e meio, e que seja um contributo para resolver uma situação que atinge muitos portugueses", afirmou Marcelo, citado pela Lusa à margem de um almoço em casa de um casal de antigos sem-abrigo, em Lisboa, quando questionado pelos jornalistas sobre o documento que, de acordo com o Diário de Notícias, concluiu há mais de 100 mil trabalhadores precários no Estado.

Já sobre as medidas em discussão e que serão adoptadas para que os trabalhadores sejam integrados, o Presidente optou pelo silêncio. “Isso é uma decisão que decorre da lei e, decorrendo da lei, o Governo tem uma palavra a dizer e se chegar às minhas mãos eu naturalmente darei imediatamente andamento”, respondeu, citado pela agência Lusa, defendendo que é preciso primeiro saber ao certo quantos trabalhadores são, em que situação estão e qual a solução que poderá vir a ser adoptada. 

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