BCP: Núcleo duro controla 42% do capital

Depois do aumento de capital a chinesa Fosun, a petrolífera angolana Sonangol, a empresa de energia EDP e a Interoceânico, os quatro grandes accionistas do BCP representados no Conselho de Administração, passaram a dominar 42,3 por cento da instituição liderada por Nuno Amado.

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Miguel Manso

Depois do aumento de capital a chinesa Fosun, a petrolífera angolana Sonangol, a empresa de energia EDP e a Interoceânico, os quatro grandes accionistas do BCP representados no Conselho de Administração, passaram a dominar 42,3% da instituição liderada por Nuno Amado.

A operação de aumento de capital do maior banco privado português terminou na sexta-feira com o reforço do eixo sino-angolano no topo da estrutura accionista. Uma aliança entre a Fosun e a Sonangol que o próprio banco aplaude. 

Em declarações ao PÚBLICO o administrador do BCP, Miguel Maia lembrou que a procura superou a oferta em mais de 20% e considerou a operação “um enorme sucesso, tendo em conta o contexto negativo macro económico”.

O gestor evidenciou não só “o empenho da Fosun, mas também a coesão e o suporte accionista dos restantes investidores ao BCP”: a Fosun subiu a sua presença de 17% para 23,5%, a Sonangol manteve a sua posição em 15%, o que aconteceu também com a EDP, agora com 2,1%, e a holding luso-angolana Interoceânico com 1,7%.

Para Miguel Maia trata-se ainda do primeiro aumento de capital realizado por um banco europeu desde que a supervisão do sector (dos bancos com dimensão sistémica) passou a ser feita pelo BCE.

O aumento de capital foi totalmente subscrito, o que implica a emissão de 14.169 milhões de novas acções. A operação acabou por ter uma adesão acima do esperado pelo próprio banco liderado por Nuno Amado que tinha, à cautela, contratado a tomada firme das acções sobrantes com um sindicato bancário.

De acordo com a informação divulgada ao mercado, no exercício de direitos de subscrição foram objecto de subscrição proporcional 13.943.683.125 acções, representativas de cerca de 98,4 % do total de acções a emitir no âmbito da presente oferta.

Para rateio ficaram disponíveis 225.682.455 acções e os pedidos suplementares superaram a 3.463.624.516 acções, ou seja, excederam em cerca de 14,3 vezes a quantidade disponível. A procura total capital, no montante de 1,3 mil milhões de euros, representou cerca de 122,9% do montante da oferta.

As novas acções, vendidas a 9,4 cêntimos cada um, serão admitidas à negociação na próxima quinta-feira (9 de Fevereiro) ou em data aproximada, refere o comunicado do BCP. Na sessão desta sexta-feira, as acções do BCP registaram uma forte valorização, que chegou a superar os 7%, mas depois foram perdendo parte dessas ganhos, fechando a subir 3,90%, para 0,17 cêntimos.

Fechado o aumento de capital, o BCP ganha fôlego para liquidar junto do Estado a última parcela de 700 milhões de euros, do empréstimo obrigacionista de acções convertíveis (CoCos), que chegou a totalizar três mil milhões de euros.

Desde que em 2012 contraiu o financiamento público, o BCP já pagou ao Tesouro à volta de mil milhões de euros em comissões e de juros, o que equivale a mais de 33% do crédito que recebeu.

Ao abandonar o suporte estatal, o BCP liberta-se ainda das restrições relacionadas com o apoio público, incluindo a proibição de distribuição de dividendos aos investidores. E deixa também de estar sujeito à obrigação de venda da operação na Polónia, onde controla o Millennium Bank. Adicionalmente, deixará de estar sujeito ao risco da nacionalização. pelo BCE.

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