Augusto Sobral (1933-2017): um renovador do teatro português

O dramaturgo de Memórias de Uma Mulher Fatal morreu esta quinta-feira, aos 83 anos

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Imagem da nova encenação de Memórias de Uma Mulher Fatal, em 2012 Filipe Ferreira/Teatro D. Maria II

Morreu esta quinta-feira em Lisboa, aos 83 anos, o dramaturgo, encenador e argumentista Augusto Sobral, autor de peças que marcaram a dramaturgia portuguesa no início dos anos 80, como Quem Matou Alfredo Mann? e Memórias de Uma Mulher Fatal (1982). Esta última, prémio da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, foi encenada e interpretada em 1984 por Rogério Vieira, que a ela regressou quase 30 anos mais tarde, numa nova produção apresentada, em 2012, na Sala-Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II.

Os primeiros trabalhos de Augusto Sobral para teatro, como Consultório, O Borrão ou Os Degraus, datam do início dos anos 60 e enquadram-no na geração de dramaturgos que se revelou por esses anos e que inclui autores como Prista Monteiro, Jaime Salazar Sampaio, Miguel Barbosa, Norberto Ávila ou Fiama Hasse Pais Brandão.

Licenciado em arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Sobral fez parte do Movimento de Unidade Democrática (MUD) Juvenil e foi fundador do Grupo de Teatro Proposta, em 1975.

Bela-Calígula (1987), Abel, Abel (1992), esta igualmente encenada por Rogério Vieira, ou Inexistência (2002) são outras peças de Augusto Sobral, cuja obra dramatúrgica foi compilada pela Imprensa Nacional/Casa da Moeda em dois volumes, o primeiro editado em 2001 e prefaciado pela italiana Sebastiana Fadda, autora de um livro sobre o teatro do absurdo em Portugal, e o segundo publicado alguns anos mais tarde, em 2009, com prefácio de António Braz Teixeira.

No cinema, Augusto Sobral co-assinou o argumento de Os Demónios de Alcácer-Quibir (1977) com o realizador José Fonseca e Costa, com quem voltaria a trabalhar em 2006, sendo um dos autores do argumento de Viúva Rica Solteira Não Fica. Nos anos 80, co-escreveu ainda com o cineasta José de Sá Caetano o argumento do filme Azul, Azul (1986).

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, lamentou já a morte do “homem de teatro, autor e encenador”. O funeral de Augusto Sobral realiza-se esta sexta-feira à tarde, saindo às 17h30 da Igreja de Santo Eugénio, no bairro lisboeta da Encarnação, para o cemitério dos Olivais.  

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