Venda de direitos no BCP mostra interesse dos accionistas no aumento de capital

Sonangol deverá manter cerca de 15% após a operação.

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BCP, liderado por Nuno Amado, está mais perto de concluir aumento de capital. Miguel Manso

Terminou esta segunda-feira a negociação de direitos de participação no aumento de capital do BCP, e a quantidade transaccionada, perto de 300 milhões, ficou abaixo das expectativas, o que mostra o interesse de grande parte dos accionistas em manter-se na estrutura accionista do banco. De acordo com dados recolhidos pelo PÚBLICO, a Sonangol não terá vendido os seus direitos, devendo manter-se como segundo maior accionista com uma participação de pelo menos 15%.

A Fosun, actualmente o maior accionista, terá comprado muitíssimos direitos mas não serão suficientes para atingir a participação de 30% que se propõe assumir. Poderá, no entanto, atingir esta participação através da operação de rateio, algo que até lhe dará vantagens, já que essa estratégia implica um custo menor.

Alguns investidores portugueses terão comprado direitos que lhes permitem assumir participações próximas de 2%, mas só depois da divulgação dos resultados será possível saber se algum atingiu aquele patamar (participação qualificada, que obriga à divulgação de informação). Recorde-se, como o PÚBLICO noticiou, o conselho de administração liderado por Nuno Amado contactou investidores, nomeadamente portugueses, para subscreverem acções durante o aumento de capital do BCP. Um dos convidados terá sido  Américo Amorim, que foi, aliás, um dos fundadores da instituição.

Apesar da forte desvalorização do valor dos direitos, no BCP o resultado da venda de direitos, é visto como “um sucesso”. Cada acção do BCP (detida a 16 de Janeiro) garantia um direito de compra de 16 novas acções, a 9,4 cêntimos cada. Os accionistas que não pretendiam acompanhar o aumento de capital, em todo ou em parte da sua participação, podiam vender esses direitos, e foi esse período de negociação que terminou esta segunda-feira. Em contrapartida, quem pretendia ir ao aumento de capital e não era accionista (não tinha direitos), ou pretendia reforçar a sua participação, teria de ir à bolsa comprar esses direitos.

O aumento de capital em 1,3 mil milhões de euros, realizado através da venda de 14 mil milhões de novas acções, dilui fortemente as actuais participações. No total negociaram-se perto de 300 milhões de direitos, o que corresponderia, se fossem transaccionados apenas uma vez, a cerca de 30% do capital. Mas os direitos podem ser negociados várias vezes, pelo que é impossível saber, a partir deste resultado, quantos accionistas venderam ou comparam direitos.

Os direitos fecharam a cair esta segunda-feira 20,98%, para 58 cêntimos, o que atirou as acções do BCP para 14,62 cêntimos. Os direitos chegaram a valer 92,5 cêntimos. As ordens para a subscrição de acções no presente aumento de capital termina esta quinta-feira e o apuramento dos resultados da oferta deverá ocorrerá na sexta-feira, dia 3 de Fevereiro.

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