Fragilidade nos idosos: como prevenir

De acordo com os censos de 2011, a população idosa portuguesa aumentou 19% na última década, o que faz despertar uma atenção emergente para se perceber, explicar e intervir no processo de envelhecimento. Sabe-se que o curso normal do mesmo está associado a um declínio gradual das capacidades funcionais, sendo os idosos que estão em alto risco de declínio descritos como frágeis. A fragilidade é explicada por múltiplos modelos, mas é consensual que factores fisiológicos e psicossociais estão na base da síndrome de fragilidade.

Dos vários estudos internacionais, sabe-se que a fragilidade se carateriza por uma condição de maior vulnerabilidade, que conduz a determinados resultados adversos, tais como incapacidade, institucionalização, hospitalização e morte.

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Prevalência da fragilidade em Portugal

Os estudos de prevalência do fenótipo de fragilidade apontam para resultados semelhantes nas várias populações estudadas. Duarte (* 2015) verificou, numa amostra de 338 sujeitos, que 34,9% eram considerados frágeis; 50,9% caraterizaram-se como pré-frágeis e 14,2% consideram-se robustos (não frágeis). Para Coelho e seus colaboradores (** 2015), numa amostra de 252 idosos residentes na comunidade, 36,5% consideram-se frágeis, 48% pré-frágeis e os restantes não frágeis. Estes resultados enquadram-se com outros estudos de referência, desenvolvidos a nível europeu, que reconhecem a condição de fragilidade num intervalo que varia entre 4,0% e 59,1%.

Factores que levam à condição de fragilidade

Da investigação levada a cabo, identifica-se um conjunto de factores biocomportamentais e psicossociais que precipitam a condição de fragilidade; ao invés de outros factores de cariz social que funcionam como protectores desta mesma condição.

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Do modelo explicativo de fragilidade, identifica-se um conjunto de indicadores biocomportamentais, tais como a ocorrência de quedas, alterações ao nível sensorial – visão e audição, bem como comprometimento nas actividades instrumentais de vida diária (por exemplo: capacidade para utilizar o telefone, fazer compras, preparar refeições, cuidar da casa, lavar a roupa, utilizar transporte, responsabilidade pela própria medicação e habilidade para lidar com o dinheiro) que conduzem à condição de idoso frágil. Por outro lado, numa esfera psicossocial, são considerados factores de índole psicológica, como défice no desempenho cognitivo e a presença de sintomatologia depressiva como potenciadores de fragilidade. Ainda neste grupo de variáveis, uma menor qualidade de vida física e psicológica também são preditoras desta condição. No que diz respeito aos factores protectores, são identificados indicadores sociais, nomeadamente a manutenção de relações sociais. Desta forma, valida-se uma multiplicidade de factores que previnem a condição de idoso frágil.

Como prevenir esta condição?

Considerando estes resultados, é aconselhado um conjunto de boas práticas, ao nível físico e psicossocial, de forma a minimizar e retardar a condição de fragilidade.

— Praticar exercício físico
— Manter a funcionalidade até ao mais tarde possível
— Compensar alterações sensoriais (visão/audição)
— Ter bons hábitos alimentares
— Manter uma actividade intelectual constante
— Recorrer a estratégias de gestão emocional
— Manter o equilíbrio emocional
— Sustentar redes sociais (família, amigos, vizinhos)
— Assumir uma participação social activa

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Conclusão

A fragilidade nas pessoas idosas é uma das temáticas prioritárias na Parceria Europeia para a Inovação em Envelhecimento Activo e Saudável (European Innovation Partnership on Active and Healthy Ageing, EIP- AHA), onde se reúnem esforços, no sentido de se promover um conjunto de boas práticas e iniciativas de prevenção ou retardamento da fragilidade ao nível de toda a Europa.

* Coelho, T., Santos, R., Paúl, C., Gobbens, R. J. J., & Fernandes, L. (2015). Portuguese version of the Tilburg Frailty Indicator: Transcultural adaptation and psychometric validation. Geriatr Gerontol Int, 15(8), 951-960
** Duarte, M. (2015). Fragilidade em Idosos: Modelos, Medidas e Implicações Práticas. Lisboa: Coisas de Ler 

Psicóloga, docente (ISAVE) e investigadora (UNIFAI. ICBAS e CINTESIS. UP) CA50+ 

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