O líder da concelhia do PSD-Lisboa, Mauro Xavier, devolve a acusação de que terá sido o seu partido a inviabilizar uma coligação em Lisboa com Assunção Cristas como candidata. “O CDS nunca quis a direita unida em Lisboa para ganhar a câmara”, afirma o dirigente ao PÚBLICO.

Sinal dessa posição foi o facto de a líder do CDS-PP “não aceitar que Pedro Santana Lopes fosse o candidato da direita” e “lançar a candidatura sem ter o acordo do PSD”. Mauro Xavier elege ainda um terceiro momento que, no seu entender, mostra que o CDS é que “não quis” um entendimento: apresentar uma proposta de acordo que “não tem por base dados objectivos” mas que “é surreal” já que a lista era “paritária”. Ou seja, além do cabeça de lista ser Assunção Cristas, os lugares dos centristas intercalavam com os do PSD.

“Queriam entrar num mercado de gado para discutir lugares de forma especulativa”, acusa Mauro Xavier, sustentando que a base do acordo devia ser a da coligação de Lisboa em 2013, protagonizada pelo social-democrata Fernando Seara, ou a dos resultados das legislativas de 2011 quando os dois partidos concorreram sozinhos. Em 2013, o CDS teve o quarto e o oitavo lugares na lista para a câmara.  

A existência de uma proposta de uma lista paritária em cima da mesa das negociações foi negada e considerada uma “tontice” pelo porta-voz da candidatura de Assunção Cristas, João Gonçalves Pereira, numa entrevista ao PÚBLICO publicada a 20/01/2017. Nessa altura, o vereador centrista responsabilizou o PSD por não haver acordo em Lisboa, acusando o partido de Passos Coelho de não ter mostrado “disponibilidade e interesse” para se chegar a um entendimento. Agora, a acusação é devolvida: “O CDS não quis e tem uma estratégia que é legítima mas que não é para ganhar Lisboa”.

Apesar de ser duro na resposta ao CDS, Mauro Xavier quer encerrar este capítulo e elege como adversário o socialista Fernando Medina. O social-democrata assegura que o CDS é o partido aliado do PSD e defende até que deveriam continuar as coligações em quatro juntas de freguesia em que ainda são poder: Estrela, Belém Areeiro e Santo António. E deixa até a porta aberta para coligações pós-eleitorais, a solução que o dirigente sempre disse preferir em detrimento de um entendimento pré-eleitoral com apoio a Assunção Cristas.

A partir de agora, e durante a campanha eleitoral autárquica, o líder da concelhia do PSD-Lisboa promete concentrar-se na oposição ao actual presidente da câmara e futuro candidato do PS. Mauro Xavier acusa Fernando Medina de “fazer um conjunto de obras que não estavam no programa", apesar de "nem sequer ter sido eleito”, e de, ao mesmo tempo, deixar por fazer obras “estruturais, como o plano drenagem”. E critica a “carga fiscal exagerada para pagar estes devaneios de obras”.

A pergunta a fazer – defende – é que cidade se pretende para “viver, trabalhar e circular”. E aí não poupa Medina, por ter feito “mais licenciamentos de hotéis” e “não devolver prédios” para residentes. E por ser responsável por um total de 210 quilómetros de ciclovia sem ter construído parques de estacionamento dissuasores e sem acrescentar percursos adicionais na Carris. Mauro Xavier questiona ainda o desfecho do dossier da permuta do terreno da Feira Popular com o do Parque Mayer, sugerindo que a Feira Popular devia ter sido instalada no Parque da Belavista e não em Carnide, uma das zonas “donut” que estão a ser criadas em Lisboa. “É isto que queremos discutir na campanha. Como é que trazemos a classe média para Lisboa? Com Medina não será certamente”, conclui.