E continuam a chover as canções de protesto contra Trump

Há cerca de uma semana, Fiona Apple e os Gorillaz editaram canções dirigidas ao novo Presidente americano. Esta semana, foi a vez de Billy Bragg, Carole King e Lily Allen lhe dedicarem música. The times they're a-changing back, canta Bragg.

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Billy Bragg gravou a sua nova versão do clássico de Bob Dylan num quarto de hotel, depois de ouvir Trump discursar DR

Tempos de lutas sociais e políticas turbulentas resultam habitualmente em produção artística condizente, assim nos diz a história. A chegada do controverso Donald Trump à presidência americana resultou, como seria de esperar, numa multiplicação de vozes contestatárias. Recentemente, vimos Fiona Apple dedicar-lhe Tiny hands e os Gorillaz, com a ajuda de Benjamin Clementine, lançar um Hallelujah money em que Trump é presença sugerida, mas sem deixar sem dúvidas de que é ele o destinatário da mensagem. Esta semana, novos nomes (Billy Bragg, Carole King e Lilly Allen), mais canções, o mesmo alvo.

O britânico Billy Bragg, que surgiu na década de 1970 como o activista folk para a geração punk, recriou o hino de Bob Dylan The times they are a-changing, renomeado The times they are a-changing back por Bragg ter sentido, ao ouvir o discurso de Trump na tomada de posse, que “os tempos estão a mudar para aquilo que eram nos anos 1950”, afirmou à Rolling Stone. A nova versão, com versos como “come mexicans, muslims, LGBT and jews / keep your eyes wide for what’s on the news / for President Trump is expressing his views”, foi gravada de rajada num quarto de hotel.

Carole King, uma das vozes mais respeitadas da geração de “singer-songwriters” da década de 1970 (e uma das compositoras do Brill Building, em Nova Iorque, verdadeira fábrica de canções nos anos 1950 e 1960), decidiu disponibilizar uma regravação de One small voice, que editara em 1982. O protesto perante Trump é óbvio. A canção é inspirada no clássico conto infantil As Roupas Novas do Imperador, de Hans Christian Andersen, e a letra não deixa dúvidas quanto ao destinatário: “The emperor’s got no clothes on / No clothes? That can’t be, he’s the emperor / take that child away / don’t let the people hear the words he has to say”. Em resumo, “o rei vai nu”, denuncia Carole King. “Estou a disponibilizar a todos esta versão actualizada porque será necessária a força e persistência de várias pequenas vozes para vencer, com a nossa mensagem de verdade, unidade e decência, as mentiras da voz mais ruidosa ”, afirmou, citada pelo Guardian.

De uma geração mais recente, a britânica Lily Allen também entrou em modo de combate contra Trump. Como arma, escolheu uma versão de Going to a town, original de Rufus Wainwright, e fez acompanhar a canção de um vídeo composto de imagens da Marcha das Mulheres, iniciativa de protesto contra Donald Trump que, marcada para Washington, acabou por ser realizada também um pouco por todo o mundo. Lilly Allen cantou Going to a town na marcha londrina.

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