Dissidente norte-coreano diz que regime de Pyongyang tem os dias contados

Antigo diplomata foi em tempos um entusiasta do líder Kim Jong-un. Agora, considera que a estrutura do regime está a ruir.

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Thae Yong-ho falou aos jornalistas em Seoul esta quarta-feira LUSA/SONG KYUNG-SEOK/POOL

De Londres, onde foi representante diplomático da Coreia do Norte, para Seul, na Coreia do Sul, onde se assumiu como dissidente do regime de Kim Jong-un, Thae Yong-ho apresenta um prognóstico muito reservado da liderança norte-coreana. Como conta o jornal New York Times, Thae Yong-ho diz que o sistema está a ruir, que os dias do regime estão contados e que o descontentamento compromete a tentativa de controlar informação sobre o poder no exterior.

Thae Yong-ho foi em tempos um entusiasta da família Kim e serviu como embaixador no Reino Unido, na Dinamarca e na Suécia. Hoje diz ter "a certeza que haverá mais dissidências entre colegas" seus. "A Coreia do Norte já entrou numa curva descendente”, disse numa conferência de imprensa em Seul. “As estruturas tradicionais do regime estão a ruir.”

Thae Yong-ho era conhecido pelos seus discursos entusiastas da família Kim, detentora do poder na Coreia do Norte nos últimos 70 anos. Aos jornalistas em Seul, confessou que tinha grandes expectativas relativamente a Kim Jong-un, que sucedeu a Kim Jong-il quando o pai morreu em 2011.

Porém, em vez de modernizar e capacitar o país empobrecido por décadas de ditadura, como era esperado pela elite do país, o novo líder prolongou o “reinado de terror” executando vários oficiais que podiam vir a comprometer a liderança – incluindo o próprio tio, Jang Song-thaek.

Sem revelar pormenores, o ex-diplomata explica que previu cada etapa do plano de deserção com muito cuidado, já que os diplomatas norte-coreanos são normalmente obrigados a deixar um dos filhos no Norte como medida para evitar a deserção. Antes de assumir a dissidência a partir da Coreia do Sul, Thae Yong-ho garantiu que os filhos e a mulher estavam com ele em Londres. Só depois fugiu, escreve ainda o New York Times.

Hoje pertence ao Instituto Nacional de Estratégia de Segurança, ligado aos serviços secretos da Coreia do Sul e promete passar o resto da sua vida a tentar derrubar o Governo norte-coreano.

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