João Ferreira, candidato da CDU a Lisboa, diz que há vida para além do turismo

Candidato critica as "políticas de urbanismo que deixaram a cidade à mercê do especulador imobiliário".

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João Ferreira já tinha encabeçado a lista da CDU nas autárquicas de 2013 Rui Gaudêncio
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João Ferreira foi apresentado por Gonçalo Tomé, do comité central do PCP. À esquerda, Cláudia Madeira, de "Os Verdes" Rui Gaudêncio
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João Ferreira cumprimenta João Bernardino, também vereador do PCP na câmara Rui Gaudêncio

João Ferreira, vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa e eurodeputado, é o candidato da CDU à autarquia lisboeta. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira na sala do arquivo do município.

"Completa-se este ano uma década de gestão do Partido Socialista" na câmara, começou por dizer o candidato, que fez depois um balanço claramente negativo dos dez anos de António Costa e Fernando Medina, mas também dos anteriores mandatos do PSD e do CDS.

"Os resultados estão à vista", declarou João Ferreira, que referiu as "políticas de urbanismo que deixaram a cidade à mercê do especulador imobiliário", o alargamento do "fosso social", a "situação deplorável" a que chegaram os transportes públicos e o "fracasso das políticas" relativas ao trânsito e ao estacionamento.

Para o candidato comunista, "com a gestão PS, como já antes acontecera com a gestão PSD-CDS, por regra, os interesses particulares sobrepuseram-se ao interesse colectivo", o que se traduziu na "entrega a privados de património emblemático da cidade". João Ferreira deu como exemplos o Cineteatro Capitólio, no Parque Mayer, o Pavilhão Carlos Lopes, no Parque Eduardo VII e edifícios do Terreiro do Paço, entregues a entidades externas ao município.

"Mas talvez a mais simbólica negociata que marcou estes dezasseis anos tenha sido a do caso Bragaparques", disse o candidato, lembrando que o assunto teve participação directa do PS, do PSD e do CDS. E "é bom não esquecer", acrescentou, que o Bloco de Esquerda também apoiou o negócio de permuta de terrenos "altamente lesivo do interesse público".

Por tduo isto, afirmou de seguida, "as próximas eleições autárquicas poderão significar, em Lisboa, o fecho de um ciclo. Dezasseis anos depois, a opção é entre mais do mesmo ou o início de um novo ciclo".

Perante uma plateia de cerca de 50 pessoas, entre militantes comunistas, deputados municipais e jornalistas, João Ferreira traçou as principais linhas da sua candidatura. A CDU bater-se-á, disse, por "uma política de habitação que garanta o direito à habitação e ajude a inverter a saída daqueles que aqui nascem e vivem", por encontrar "vida para além do turismo" na economia da cidade e por "uma aposta na qualidade e na acessibilidade do transporte público".

O candidato não afastou de forma taxativa que possa haver entendimentos pós-eleitorais com outras forças políticas, mas sublinhou que "a maioria absoluta do Partido Socialista [na autarquia] ao longo dos últimos oito anos não foi positiva" e que a CDU "visa furar o ciclo de alternância entre PSD/CDS e o PS".

Em 2013, a CDU obteve 9,85% dos votos e conseguiu eleger dois vereadores, João Ferreira e Carlos Moura. À semelhança do que já tinha dito na apresentação da candidatura de há quatro anos, João Ferreira garantiu que, caso seja eleito presidente da câmara, vai abandonar o lugar de deputado no Parlamento Europeu.

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